São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Clinton recusa sugestões do 3º Mundo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Depois de ter adiado duas vezes sua participação, o presidente dos EUA, Bill Clinton, falou ontem à noite diante da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), reunida em sessão especial para avaliar o estado do meio ambiente no mundo cinco anos depois da Eco-92, realizada no Rio de Janeiro.
Como se esperava, Clinton, 50, recusou sugestão dos países da Europa e do Terceiro Mundo para que sejam fixadas metas quantitativas e prazos fixos para se alcançarem objetivos específicos de redução na emissão de gases que provocam o aquecimento da Terra, o chamado efeito estufa.
Ele também não assumiu compromissos claros em relação à ajuda material que seu país prometera no Rio ao desenvolvimento sustentável.
Adiamento
O presidente norte-americano, que não falou à ONU na segunda-feira como programado porque preferiu discursar a uma convenção de prefeitos em São Francisco nem ontem de manhã por ter ido ao enterro de um tio-avô em Arkansas, foi recebido por centenas de manifestantes em frente à sede da entidade, em Nova York, às 18h30 (19h30 em Brasília).
A maioria das entidades ambientalistas diz que Clinton e seu vice-presidente, Al Gore, no passado um campeão da causa ecológica, perderam a liderança mundial que tinham nesse setor.
Desde a Eco-92, os EUA aumentaram a quantidade de gases que emitem na atmosfera, diminuíram as verbas que põem à disposição de países em desenvolvimento para projetos de defesa do ambiente e se recusaram a assinar o tratado mundial de proteção à biodiversidade.
Em 1995, os EUA emitiram 1,39 bilhão de toneladas de gases que provocam o efeito estufa, ou 23% do total do mundo.
O segundo lugar, a China, com uma população seis vezes superior à norte-americana, emitiu 807 milhões de toneladas, ou 13,9% do total. A Rússia (7,2%), o Japão (5%) e a Alemanha (3,8%) são os outros maiores emissores de gases do mundo.
Brasil polui mais
Os EUA aumentaram suas emissões em 6,2% entre 1990 e 1995. A China aumentou em 27,5%, a Índia em 27,7%, a Indonésia em 38,8%. O Brasil, que emite 0,4% dos gases, aumentou no período suas emissões em 19,8%. A Alemanha e a Rússia foram as campeãs em diminuição de emissão.
Clinton ainda teve algum progresso, obtido com muito esforço, a mostrar à ONU.
Na véspera, contra a opinião da maioria de seus assessores e aliados políticos, ele endossou, após anos de hesitação, legislação proposta pela sua agência ambiental para aumentar o controle contra a poluição do ar por automóveis e indústrias no país.
Os opositores do projeto de lei referendado por Clinton argumentam que ele vai provocar sensível diminuição da atividade econômica no país. O senador Alfonse D'Amato, da oposição que controla o Congresso, disse que o projeto do governo não passa pelo Senado.
A sessão especial da ONU, que teve a participação de 70 chefes de Estado ou governo, acaba hoje.

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