São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MP seria um indício de favorecimento

DA SUCURSAL DO RIO

Os procuradores da República de Brasília acusam o BC de ter tomado medidas específicas para favorecer a negociação entre Unibanco e Nacional, quando da decretação do Raet (Regime de Administração Especial Temporária).
A prova, segundo eles, foi a edição da MP (medida provisória) 1.182, publicada em 18 de novembro de 1995, um sábado, que permitiu a divisão do banco em dois (o banco bom e o banco ruim).
A edição dessa MP, publicada em edição extra do "Diário Oficial", que começou a circular às 9h do sábado, desencadeou uma série de atos de surpreendente rapidez, segundo a ação na Justiça.
Isso demonstra, segundo a ação, que as partes aguardavam apenas a decretação da MP para desencadear o processo de compra, já negociado anteriormente.
Logo que o "Diário Oficial" começou a circular, o presidente do Banco Nacional, Marcos Magalhães Pinto, entregou uma carta ao BC solicitando o Raet.
Às 10h, a diretoria do BC reuniu-se extraordinariamente, analisou o pedido de Magalhães Pinto e aprovou a decretação da Raet. O Unibanco ficou sabendo da decisão e apresentou ao BC proposta de absorver as operações do Nacional, com recursos do Proer.
Na mesma reunião, iniciada às 10h, com base na MP publicada uma hora antes, o BC autorizou o conselho diretor do Raet a transferir os ativos e passivos para o candidato a comprador. Além disso, autorizou também que o Nacional sob Raet comprasse títulos do Fundo de Compensação de Variação Salarial do Bradesco, Itaú, Real e Unibanco com deságio de 50% para serem dados como garantia.
O Ministério Público mostra sua surpresa com o fato de o BC saber que esses bancos dispunham desses títulos. Na decisão do BC constam também a relação de empresas do Nacional a serem compradas pelo Unibanco e o valor da compra, de R$ 682 milhões.
Ainda no sábado, o comitê do Proer aprovou a venda do Nacional dentro das normas do Proer e o conselho diretor do Raet assinou os contratos de compra de FCVS e da transferência do "banco bom" para o Unibanco.

Texto Anterior: Governo usou BB e CEF em ajuda a banco, dizem os procuradores
Próximo Texto: Extinção do Proer deve ser anunciada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.