São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Era metalúrgica" na CUT pode acabar

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na sua história, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) deve eleger um presidente não-metalúrgico.
O nome mais cotado para substituir Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, é o do secretário-geral da CUT, o bancário João Vaccari Neto.
Desde a sua criação, em 83, a central teve apenas dois presidentes, ambos saídos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: o hoje deputado federal pelo PT Jair Meneguelli (até 94) e Vicentinho, cujo mandato termina neste ano.
Mas hoje, os sindicatos de trabalhadores não-industriais já representam cerca de 70% do total de trabalhadores filiados à central.
"A CUT vem passando pelas mudanças do mercado de trabalho. Crescem os setores de serviço e comércio, enquanto o industrial encolhe", afirma o tesoureiro Remígio Todeschini.
Desistência
No entanto, a candidatura de Vaccari vem ganhando força nas últimas semanas porque está mais difícil convencer Vicentinho a concorrer à reeleição na central.
O atual presidente da CUT não confirma, mas deve mesmo optar pela disputa de uma vaga de deputado federal em 98.
"Tenho recebido muitos pedidos para continuar na CUT, mas não é minha intenção. Ainda não resolvemos isso na central", desconversa.
A própria Articulação, corrente política majoritária que comanda a central, começa a abandonar a hipótese da reeleição, apesar de oficialmente afirmar que Vicentinho ainda continua na disputa.
Segundo a Folha apurou, a Articulação já descarta, por exemplo, a idéia de Vicentinho concorrer e ocupar o cargo até as eleições do ano que vem.
O presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Heiguiberto "Guiba" Navarro, já aponta Vaccari como seu candidato, caso Vicentinho desista.
"O Vaccari está tendo uma grande atuação como secretário-geral. Ele não tem o carisma do Vicentinho, mas é capaz de desenvolver um trabalho coletivo que a central precisa", acredita Guiba.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, outro nome cotado para substituir Vicentinho, também já anuncia seu apoio a Vaccari.
"Ele é hoje o melhor nome entre as opções para substituir Vicentinho e tem todas as condições de manter o projeto atual da CUT, que é o de fortalecer os sindicatos e combater o projeto neoliberal.", Além disso, Berzoini argumenta que a mudança na presidência serviria também para sinalizar à sociedade que a CUT é uma central com penetração em todos os setores da sociedade.

Texto Anterior: Três anos do Real têm taxa de 69%
Próximo Texto: Mantida inabilitação de cinco consórcios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.