São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Conselho Legislativo realiza sua última sessão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho Legislativo de Hong Kong aprovou ontem diversas leis de caráter liberalizante na última sessão do órgão.
O conselho, em 1º de julho, será substituído por um Legislativo cujos membros foram apontados pelo governo chinês.
O atual Parlamento de Hong Kong é o primeiro com todos os deputados eleitos democraticamente (antes, apenas 20 dos 60 membros do órgão eram escolhidos nas urnas -40 eram designados por colégios eleitorais).
A decisão do governo chinês de substituir o Conselho Legislativo gerou protestos. Os EUA e o Reino Unido, por exemplo, prometem que seus principais representantes irão abandonar a cerimônia de posse do Parlamento chinês como forma de protesto.
A China, a seu turno, argumenta que a reforma democratizante realizada pelo Reino Unido em sua colônia violou os acordos sobre a devolução de Hong Kong. Segundo o governo chinês, as reformas foram implementadas "unilateralmente" e, por isso, não podem ser aceitas.
No edifício de pedra cinza que ocupa no centro de Hong Kong, o conselho aprovou por 28 votos contra 23 o fortalecimento da lei de direitos civis, que Pequim já anunciou que limitará após a retirada britânica. O conselho aprovou também a Lei de Igualdade de Oportunidades, que combate a discriminação patronal por motivos de idade ou orientação sexual.
Anteontem, o conselho já havia sancionado uma lei que reforça os direitos de greve dos trabalhadores, apesar da oposição do Reino Unido e da classe empresarial do território.
Para Martin Lee, líder do Partido Democrata (o maior do conselho), a partir de 1º de julho o mundo assistirá a um estrangulamento da incipiente democracia em Hong Kong. "Como vários deputados, fui eleito por quatro anos em 1995. Vejo-me hoje expurgado, e meu lugar será tomado por alguém que foi derrotado", afirmou.
Controle chinês
Os temores de Martin Lee não parecem ser injustificados. Ontem, o Congresso Nacional do Povo da China formou um comitê especial para garantir a aplicação da mini-Constituição de Hong Kong.
O comitê, que será formado por 12 pessoas (seis de Hong Kong e seis da China), deve fiscalizar a aplicação da Lei Fundamental para a Região Administrativa Especial de Hong Kong, o nome oficial da mini-Constituição.
A agência de notícias "Xinhua" afirmou que o comitê terá responsabilidade por "fazer sugestões e oferecer idéias" para revisões e emendas na Lei Básica de Hong Kong.
Segundo a agência, o Parlamento estabelecido pela China para o território, o Conselho Legislativo Provisório, deve consultar o comitê antes de interpretar a letra da nova lei máxima de Hong Kong.
O Parlamento chinês para o território deve permanecer no poder por no máximo 12 meses. As regras para a escolha do novo Legislativo não foram definidas.

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