São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Operação mexe com orçamentos

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Há quem consiga faturar um extra com o rodízio antipoluição -implementado em São Paulo e em nove cidades da região metropolitana na última segunda-feira-, enquanto outros perdem preciosos reais comprando carros velhos ou fazendo longos percursos de táxi.
Os que ganham, como o transportador escolar Angelo Martinez Netto, 49, e o revendedor de veículos Sebastião Venturineli, 44, preferem não citar valores. Divulgam apenas porcentagens de quanto seus negócios faturaram a mais.
Quem está ou vai ficar no prejuízo, como o administrador de vendas Alexandre dos Santos Cordeiro, 27, e a dona-de-casa Ana Margarida Graeff Simon, 41, já têm a conta pronta na ponta do lápis.
O transportador Martinez, do Colégio Marco Polo, na Vila Mariana (zona sudoeste de São Paulo) ganhou um novo filão no rodízio.
Martinez leva para casa, uma vez por semana, os filhos das "vítimas" do rodízio.
Além dessa turma, Martinez ganhou dez alunos do convênio para aulas de natação que a escola tem com a academia Acquasport.
Martinez não diz quanto está ganhando a mais, mas afirma que sua clientela aumentou 10%.
O perueiro está na torcida do rodízio permanente, proposto pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que pode vigorar em 98. "Deus queira que sim."
Na ponta do lápis
A dona-de-casa Ana Margarida, moradora da Chácara Flora (zona sul de São Paulo), ainda não gastou um real a mais por causa do rodízio.
Mas ela já sabe que vai gastar R$ 240 de táxi para buscar o filho na escola Miguel de Cervantes, no Morumbi (zona sudoeste), quando voltarem as aulas, em agosto.
Nos dias em que o marido não puder usar seu carro -às quintas-feiras-, ele vai usar o carro de Ana emprestado.
"Já cogitei em comprar mais um carro, mas acho pouco viável e um contra-senso."
Ônibus e caronas estão praticamente descartados. "Me informei quanto ao ônibus, mas não há uma linha que faça o trajeto até a escola, saindo próximo à nossa casa."
Segundo Ana, o filho Juan André, 15, aluno da 8ª série, nunca andou de ônibus.
"Tentei arranjar um esquema de carona, por meio de um anúncio no painel da escola, mas não tive retorno até agora. As pessoas não querem se comprometer."

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