São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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A cada 3 dias, 2 deixam a tropa

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A cada três dias, dois policiais militares deixam a corporação no Mato Grosso do Sul.
"A PM está esvaziando", disse o comandante-geral, Francisco Libório Silveira, 46, que amanhã deve entregar à Secretaria de Estado da Segurança Pública um raio X da PM. Segundo ele, os objetivos são "pedir melhorias" e evitar uma repetição dos protestos ocorridos em Minas Gerais.
Em reunião convocada pelo comandante na sexta-feira com todos os oficiais da capital para discutir o assunto, Libório disse que "a PM, como a entendíamos até essa semana, acabou", referindo-se à decisão dos cabos e soldados buscarem aumento salarial "na base da pressão".
O coronel orientou os oficiais a "ouvirem mais a tropa" e adotarem o que chama de "regulamento humanizado" na hora de aplicar punições. Amanhã, o comandante passará a mesma recomendação aos comandantes de batalhões, em nova reunião no Comando-Geral.
Um soldado em início de carreira recebe R$ 270 mensais, incluindo R$ 72 como auxílio-alimentação.
Baixos salários, jornadas excessivas e más condições de trabalho são os principais motivos da evasão dos policiais, segundo as conclusões do comandante-geral e do presidente da Associação dos Cabos e Soldados, José Florêncio de Melo Irmão, 35.
Entre janeiro de 95 e fevereiro de 97, 420 homens deixaram a PM. Somente nas últimas duas semanas, 67 aderiram ao PDV (Programa de Desligamento Voluntário), criado pelo governo estadual para enxugar o quadro de pessoal.
A defasagem de pessoal é de quase 50%. Das 7.519 vagas previstas em lei, apenas 3.884 estão preenchidas hoje. Há sete anos, o efetivo era de 4.397.

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