São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Real eleva padrão de executivo empregado

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O executivo Péricles Andrade Komel, 32, antecipou em pelo menos oito anos a compra de sua moto Harley-Davidson.
"Desde criança sonhava em comprar uma Harley-Davidson quando chegasse aos 40 anos. Consegui comprá-la há um mês", diz ele, que gerencia a sucursal de Uberlândia (MG) de uma empresa de segurança, a Sentinela.
Komel faz parte de uma classe econômica também favorecida com a estabilidade econômica nos últimos três anos. São os executivos que conseguiram manter o emprego, negociar prêmios e bônus salarial e não entrar na fila do 1,38 milhão de desempregados apenas na Grande São Paulo.
Komel calcula que, desde o início do Plano Real, sua renda subiu mais de 100%, incluindo benefícios. "As prestações da moto, do carro e da casa própria cabem perfeitamente no meu salário."
Golfe
Além da nostálgica Harley-Davidson, outros bens cobiçados estão chegando ao mundo dos executivos com maior frequência. Viagens internacionais nas férias, uso de helicóptero para ir ao trabalho e para lazer nos finais de semana são alguns exemplos.
Na área esportiva, cresce o interesse pelo golfe, esporte ainda caro no Brasil. Para jogar, é preciso ser sócio de clube, o que custa de US$ 30 mil a US$ 50 mil.
Na agenda do consultor Henrique Luz, sócio da Price Waterhouse, também entraram novos itens de lazer nos últimos três anos.
Primeiro foram as férias regulares -a última foi em Paris, no ano passado. "Antes, não tinha tempo para planejar as férias." Depois, as partidas de golfe ganharam maior regularidade e novos parceiros.
Luz pratica golfe -conhecido no Brasil como um esporte dos homens de negócios- três finais de semana por mês. Antes, era um a cada 30 dias.
"Sem dúvida, tive melhora na qualidade de vida. Como sócio, tenho melhor remuneração relativa e, com a possibilidade de planejar as coisas, consigo ler mais e dispensar maior atenção às artes", afirma.
Na mesma linha, helicópteros já começam a "decorar a garagem" de alguns executivos, ao lado dos modelos de carros importados.
A Líder vendeu cem helicópteros nos últimos dois anos -antes, eram 12 por ano. Os modelos custam de US$ 800 mil a US$ 4 milhões.
A empresa também aluga 20% mais aparelhos. "Durante a semana, eles são usados para trabalho e, nos finais de semana, voam para o litoral paulista e carioca", diz Eduardo Vaz, diretor-superintendente da Líder.

Texto Anterior: Privatização dá tempo ao governo, diz Bacha
Próximo Texto: MAIS 25%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.