São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Poder de compra cai, diz pesquisa

Ganho foi maior no início

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DE DINHEIRO

A população está percebendo que os anos dourados do Real -aqueles em que a renda real dos trabalhadores deu um salto substancial- são coisa do passado.
Pesquisa nacional do Datafolha realizada entre 18 e 20 de junho mostra ser crescente o número de pessoas para quem a expectativa é que o poder aquisitivo vai diminuir a partir de agora.
A proporção de entrevistados que acha que seu poder de compra vai diminuir subiu de 24%, em setembro do ano passado, para 28%.
A parcela dos que acreditam que o poder aquisitivo deles vai aumentar descreveu curva inversa. A porcentagem declinou de 32% para 24%, no mesmo período.
O Datafolha perguntou também sobre o poder aquisitivo da família dos entrevistados. As respostas mostraram sintonia em relação à primeira questão.
O número de pessoas que consideram a renda familiar mais do que suficiente despencou de 41% em dezembro para 33%. E os que avaliam ganhar apenas o necessário para viver são agora 28% (24% no final do ano passado).
O movimento de opinião captado pela pesquisa reflete tendência que vem sendo esboçada desde meados do ano passado.
O fato é que se o Plano Real elevou a renda dos trabalhadores esse fenômeno registrou o seu apogeu no final de 1995. Em dezembro daquele ano, o ganho real das pessoas ocupadas na região metropolitana em São Paulo era de 24%.
Ou seja, em um ano e meio, desde o início do Real, em julho de 94, os salários subiram 24% mais do que a variação do IPC da Fipe.
O quadro que retrata a evolução dos ganhos dos trabalhadores da Grande São Paulo pode ser generalizado para o país. Essa é, pelo menos, a percepção popular apurada pela pesquisa do Datafolha.
Em outras palavras, o impacto positivo do Real sobre a distribuição de renda continua existindo, mas é cada vez menor.
Essa realidade e a apreensão popular dessa realidade estão longe, no entanto, de indicar o esgotamento do potencial eleitoral do plano que completa seu terceiro ano com ampla aprovação.
Mais de dois terços dos consultados pelo Datafolha (70%) acham que o Plano Real é bom para ele, entrevistado, e para o país. A proporção tem se mantido nesse nível desde o final de 1996 (72%).
Quando se olha para os três anos do Real nota-se que a aceitação é, na realidade, crescente, tendo partido de 62% pouco mais de um ano após a introdução do plano.
Explica o resultado, mais do que a queda da inflação, a sua manutenção em patamar baixo. Queda abrupta da inflação não é novidade desde o Cruzado; novidade é a manutenção da estabilidade.

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