São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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TRÊS ANOS DO REAL

O Plano Real está completando três anos com uma inflação de 7% nos últimos 12 meses e alguma insatisfação quanto ao desemprego. Mas, de modo geral, ostenta um saldo extremamente positivo no balanço entre custos e benefícios.
No início de 94, poucos diriam que o Brasil conseguiria pôr fim aos longos anos de superinflação com sacrifícios relativamente tão modestos.
O futuro, porém, apresenta grandes desafios. As perspectivas parecem ser de estabilidade com desempenho apenas moderado da economia e ganhos menores de poder aquisitivo. Neste aniversário do Real, o governo dá sinais de reconhecer que o país não está pronto para iniciar um novo ciclo de crescimento vigoroso.
O desequilíbrio externo continua a impor sérias limitações às possibilidades de desenvolvimento econômico e social mais expressivo. Nesse sentido, apesar dos enormes benefícios trazidos ao país e especialmente à população de baixa renda, o plano completa seu terceiro ano com os mesmos problemas dos dois primeiros aniversários. E são mais graves agora, pois comprovam a persistência de falhas há muito identificadas.
Continua pendente a maior parte da reforma do Estado. A contenção do déficit público não avançou. Sem isso, a estabilidade dos preços permanece excessivamente dependente da chamada âncora cambial.
Preocupado em manter a atratividade das aplicações financeiras no Brasil, o Banco Central impede que as taxas de juros caiam mais. Receoso do aumento de importações que o crescimento econômico causaria, o governo mantém as restrições ao crédito e evita outras medidas que poderiam estimular a economia.
Assim, preso ainda à valorização do real em relação ao dólar, o país perde a chance de crescer mais rapidamente, de combater o desemprego e de proporcionar aos brasileiros novas melhorias nas condições de vida.
A elevada popularidade do Real é boa mostra do enorme valor que a estabilização tem para o país. Mas o sucesso desses três anos carrega também problemas não resolvidos. A responsabilidade, daqui em diante, é por isso ainda maior.

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