São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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A ESCOLHA DE SÃO PAULO

O rodízio na circulação de automóveis na capital paulista pode ainda não ter provocado melhoras perceptíveis no item que, em tese, o justifica: reduzir a poluição atmosférica.
Mas tal medida já serviu para comprovar claramente, mais uma vez, que só há uma maneira de evitar o colapso do trânsito: reduzir o número de veículos nas ruas.
Sucessivas administrações municipais paulistanas -e, mais marcadamente, a de Paulo Maluf, anterior à atual- fizeram pesados investimentos para dotar a cidade de mais vias de circulação, fossem túneis, viadutos, elevados ou avenidas.
Nada disso, porém, parece ser suficiente para acompanhar o alucinante ritmo com que novos veículos entram em circulação (mil por dia).
Ademais, o bom senso indica claramente que se está esgotando a possibilidade física de rasgar novas avenidas e erguer túneis ou viadutos.
O corolário inevitável desse argumento é o de que parece haver somente uma maneira de evitar que, mais cedo do que tarde, se chegue a uma grave paralisia da cidade de São Paulo (o que, de resto, vale para outros grandes centros urbanos): diminuir o número de veículos nas ruas.
Há dois modos de fazê-lo: um é dar absoluta e urgente prioridade ao transporte público. Seria a maneira positiva de atrair para ele pelo menos uma fatia dos que hoje utilizam veículos particulares. A outra é o rodízio, uma forma punitiva (e temporária) que está sendo adotada no momento -embora a título teórico de reduzir a poluição e não necessariamente evitar o colapso do trânsito.
Cabe à sociedade escolher, tendo em vista que ambas as alternativas têm custos. Investir no transporte público implica, acima de tudo, ampliar a rede de metrô, o que é caro e leva tempo para se realizar.
Ficar no rodízio ou é um paliativo temporário (o atual vai durar três meses) ou, se estendido para o ano todo, multiplicará o desconforto e as limitações para quem depende do carro para se locomover.

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