São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Amor impossível

ADRIANA VIEIRA

Elas até confessam que têm paixões recolhidas, mas preferem manter os pés no chão
Participaram deste debate as atrizes Bárbara Bruno, 40 (separada), Tânia Bondezan, 42 (separada), Ana Paula Arósio, 21 (solteira), e Mika Lins, 31 (casada), da peça "Fedra", com elenco só de mulheres, em cartaz no Teatro Cultura Artística. Participou também a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro, 39 (divorciada)
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Revista - O que é um amor impossível?
Tânia - É a loucura, que transforma o objeto do desejo em algo que não existe. Isso escraviza e torna escravocrata quem ama.
Ana Paula - E assim você sufoca a pessoa. Mesmo que ela seja apaixonada, você mata esse sentimento.
Bárbara - Existe a paixão impossível. O sentimento do amor jamais será impossível, porque ele independe do outro.
Revista - O que é válido fazer para realizar uma paixão?
Tânia - No jogo da paixão, é válido tudo. Só não vale matar, por exemplo.
Eugénia - Minha mãe sempre me disse que uma mulher tem de ter mistérios. Mas dá muito trabalho fazer mistério.
Revista - Já fizeram loucuras por um amor impossível?
Mika - Eu sempre fui muita atirada. No segundo dia que sai com meu marido, eu disse a ele: "Vamos dar uma ótima dupla".
Eugénia - Eu já cheguei a querer parar de cantar. Felizmente não fiz isso.
Ana Paula - Eu já quis largar a minha profissão. Mas prefiro não comentar porque acabou de uma maneira meio chata.
Revista - Vocês nunca tiveram uma paixão impossível?
Mika - Só quando era criança. Era o amigo do marido da minha mãe. Depois disso, nunca mais.
Bárbara - Tenho uma paixão guardada há 20 anos... E é muito bom.
Ana Paula - Eu fiquei apaixonada por quatro anos e me sentia uma débil mental. E não era correspondida.
Revista - E quando alguém faz loucura para ter o seu amor?
Bárbara - Eu gosto. Ocorreu algo inesquecível quando eu estava me separando do meu primeiro marido. No final de um espetáculo, ele entrou no teatro, me entregou flores e disse em público que me amava.
Mika - Eu gosto de pessoa apaixonada, mas não de "babões".
Revista - O amor impossível tem mais graça?
Ana Paula - Não, é horrível. A gente sofre como cachorro.
Bárbara - O meu amor platônico não me basta. Não é por isso que vou deixar de viver e me fechar para outros sentimentos.
Revista - A gente escolhe por quem se apaixonar?
Mika - Está provado que biologicamente você escolhe o macho ideal para reprodução.
Bárbara - Mas a escolha significa que você racionalizou.
Mika - Não, é muitas vezes inconsciente.

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