São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Sons além da imaginação

JONI ANDERSON

Não foram poucas as vezes que momentos felizes e tristes se alternaram na história negra do Brasil. Mesmo assim, talvez nomes de objetos de tortura, como chibata, soem mais familiares nos ouvidos de historiadores e interessados do que palavras estranhas como kipuita.
Vem daí a importância de preservar instrumentos musicais que mantêm viva uma etnia. É o caso da puita, conhecida como kipuita na África ou como onça, tambor ou tambor-onça no Brasil.
Esse e outros instrumentos, que já foram e são até hoje usados em pequenos quilombos, fazem parte do evento multimídia Imaginário Popular (foto), que tem curadoria do etnomusicólogo Alberto Ikeda.
Ele resgatou instrumentos utilizados em manifestações religiosas, datas comemorativas de comunidades negras e mestiças.
São 130 instrumentos que mostram as raízes e a evolução de peças de influência indígena, ibérica e africana, e contam a história de resistência dos grupos. "São elementos culturais que identificam uma comunidade. É o presente que se reporta ao passado", diz.
O evento ainda conta com fotos, vídeos, sons e peças que mostram o embate entre a tradição e a tecnologia, a globalização e as pequenas comunidades.
O momento é também dialético. Já que se vê a propagação da world music e, ao mesmo, tempo de movimentos que reúnem novos ritmos a antigas referências.
"Tudo pode ser feito desde que as comunidades tenham consciência da sua história cultural", defende Ikeda.

ONDE ENCONTRAR Imaginário Popular: Até 10/08, nos pisos Paulista e Mezanino do Instituto Cultural Itaú. Av. Paulista, 149. Tel. 238-1700. Grátis.

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