São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Tucano pode assumir o governo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Para o presidente da Assembléia de Santa Catarina, Francisco Kuster (PSDB), 53, o Legislativo está tentando "nocautear o famigerado instituto da impunidade".
Kuster comandará hoje a sessão extraordinária de votação do impeachment do governador Paulo Afonso Vieira (PMDB). Se tanto Paulo Afonso quanto seu vice, José Augusto Hulse, forem afastados, ele assume o governo do Estado pelos próximos 180 dias.
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Agência Folha - O sr. esperava que a investigação da CPI chegasse à votação do impeachment?
Kuster - À medida que as investigações foram descobrindo fatos novos e envolvendo figuras de alta periculosidade, a máfia do Banco Vetor, cheguei a imaginar. Mas, no começo, achava que era mais uma CPI ou mais uma pizza.
Agência Folha - Essa evolução aconteceu por eficiência da CPI ou por inabilidade do governo?
Kuster - As duas coisas. Essa CPI foi muito eficiente, fez história em Santa Catarina. Por outro lado, o governador não tomou nenhum tipo de providência. Até poucos dias, ele subestimava a CPI. Teve algumas sugestões de procedimentos para aliviar um pouco a barra e não tomou providência. Pelo contrário, ousou, promoveu figuras que estavam envolvidas desde o início. Ele foi displicente e a CPI foi muito competente.
Agência Folha - O governo perdeu a maioria na Assembléia (PFL, PSDB e PDT foram aliados do PMDB) em função do caso?
Kuster - Foi em função das Letras (títulos emitidos pelo governo estadual) e do desatino administrativo.
Agência Folha - Que significado a votação do impeachment tem para o Brasil?
Kuster - Vai marcar uma era, um momento novo. Vai passar para os 160 milhões de brasileiros que os governantes não estão acima do bem e do mal. Daqui para frente, todos os governantes vão 'botar a barba de molho'.
Agência Folha - Deputados estão sendo pressionados pelo governo?
Kuster - Eles (o governo) estão desesperados, é o poder que está em jogo. Um parlamentar me disse que foi procurado. Encorajei-o. Temos um compromisso histórico de tentar nocautear o famigerado instituto da impunidade.
Agência Folha - Como o sr. vê a perspectiva de assumir o governo?
Kuster - É uma contingência. Não tenho o que comentar.

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