São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Teste de administração é 'muito fácil'

LUCIA MARTINS; LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

A prova do Ministério da Educação para avaliar o curso de administração foi considerada "muito fácil" por formandos e professores ouvidos pela Folha ontem.
"Ela discrimina pouco e só vai pegar os cursos muito ruins", disse Claudio Felisoni de Ângelo, professor titular de administração da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da Universidade de São Paulo.
Segundo ele, a prova foi "pouco objetiva e muito generalista". Foram beneficiados, segundo o professor, conhecimentos de administração geral e recursos humanos. "Eles poderiam ter optado por questões mais específicas sobre finanças, economia e marketing. Com isso, a separação dos cursos poderia ser mais minuciosa", afirmou.
Felisoni de Ângelo ressaltou que ele considera muito difícil formular uma prova ideal para medir o curso de administração.
"O problema é que não há uma teoria pronta na área de administração. Existe uma mistura de teorias. Mesmo assim, eles poderiam não ter privilegiado tanto o geral."
O professor afirmou que acha que o exame vai chegar a um resultado "óbvio e esperado". "Vão se dar mal aquelas faculdades que já sabemos que são muito ruins. Não haverá novidades. Quem está na área sabe que cursos são deficientes e quais são os bons", disse.
O mérito do provão será, na opinião do professor titular da FEA, tornar oficial o resultado esperado. "Todos sabem que faculdades têm problemas, mas isso é sempre uma opinião que pode ser subjetiva. Agora, isso será mostrado de uma maneira clara e objetiva."
Alunos
Os alunos também consideraram a prova muito fácil. Alguns deles afirmaram ainda que, para fazer o exame, nem foi necessário usar uma calculadora científica.
Eduardo Campos, 26, que faz o curso na Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), esperava uma prova mais difícil.
Para ele, havia muitas questões teóricas, com poucos cálculos. "Nem precisei usar a calculadora para fazer as poucas questões que tinham de cálculo."
A estudante da Fundação Getúlio Vargas Fernanda Romano, 22, saiu da prova, logo após o tempo mínimo (uma hora e meia). Disse que ficou indignada.
"Achei a prova ridícula, patética. Era muito óbvia. Das 40 questões de múltipla escolha, 37 eram de lógica. Havia uma pergunta que tinha de fazer regra de três. Para que, então, calculadora? Uma criança de 7 anos respondia essa prova", disse Fernanda, que fez prova na Fatec-SP (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), centro da cidade.
(LUCIA MARTINS e LUCIANA SCHNEIDER)

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