São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Prova de odontologia tem muitas falhas

DA REPORTAGEM LOCAL

A prova de odontologia foi considerada pouco abrangente por professores universitários ouvidos pela Folha.
Segundo Alael de Paiva Lino, professor da Unicastelo, a prova avalia muito pouco a qualidade dos cursos porque explora prioritariamente matérias básicas em detrimento da parte clínica.
Só de dentística restauradora (tratamento de cáries), há 12 questões. "Por outro lado, não há perguntas sobre ortodontia, cirurgia ou hemostasia (técnica de fazer estancar o sangue). Esses assuntos são muito importantes para o profissional que está entrando no mercado."
Para os professores, a grande maioria das perguntas se refere a matérias de primeiro e segundo ano. "Alunos de quinto ano estão um pouco distantes desses assuntos. A prova deveria ser mais equilibrada", diz Alael.
Ele e a professora Ana Maria Ávila Maltagliati, também da Unicastelo, criticam o caráter capcioso de algumas perguntas. "O teste não tem objetivo de selecionar os alunos. As perguntas e as respostas não deveriam confundir o estudante", diz Ana Maria.
Ele aponta um erro na resposta 9. De acordo com ele, o termo correto não é reabsorção inflamatória e sim reação. "Erros como esse confundem o aluno", diz.
Alguns estudantes de odontologia concordam.
Os colegas Marcelo Nascimento, 25, Karina Pinheiro, 22, e Marcelo Trulha Valente Costa, 23, alunos de odonto da Unisa (Universidade Santo Amaro), criticaram o conteúdo do provão e consideraram a que a prova teve nível médio de dificuldade.
Segundo eles, as questões foram muito específicas e detalhistas, e a prova deixou de abordar assuntos importantes.
"Não tivemos questões referentes a anatomia, ortodontia ou endodontia (tratamento de canal). Já imaginou um profissional que não sabe tratar um canal?", diz Karina.
"A prova não foi conceitual nem clínica. Deveria ser mais abrangente", afirma Costa. "Desse jeito, não avalia ninguém".
O estudante Luis Martinez Ganallo, 23, da Unicastelo, concorda com essa opinião. "Havia muitas questões sobre o mesmo tema, enquanto outros não foram explorados. As questões eram muito teóricas".
Por outro lado, o estudante Marcelo Sampaio, 22, também da Unisa, considerou a prova foi fácil e básica. Segundo ele, as questões cobrem bem o conhecimento essencial que o profissional deve ter ao entrar no mercado de trabalho.
"A prova foi elaborada de tal maneira que impossibilita haver erro por causa de diferentes técnicas do ensino", diz. "Saí da prova sabendo quais são as deficiências de meu curso."

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