São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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Déficit de US$ 10 bi é melhor das hipóteses
DENISE CHRISPIM MARIN
Esse valor será 25% maior que o verificado em igual período de 96. Mas não seria a única estimativa a destruir qualquer esboço de otimismo da equipe econômica com relação ao comércio externo. O governo prevê que o déficit na balança comercial do ano gire em torno de US$ 10 bilhões -o valor mínimo recentemente apontado por instituições financeiras e consultorias empresariais. A Folha apurou que a aposta do governo no déficit de US$ 10 bilhões está sustentada na sua meta de conter a taxa de crescimento do consumo e também o gasto público no segundo semestre. São dois fatores sobre os quais, supostamente, o governo poderia manter controle. Juntos, eles provocariam a restrição da demanda interna por produtos importados -tanto mercadorias acabadas para os consumidores quanto insumos para os setores produtivos. Ou seja, os dois fatores provocariam acomodação na tendência de expansão do crescimento da economia, descontando o aumento de produção natural em determinadas épocas. Em tese, o déficit de US$ 10 bilhões significaria a manutenção do saldo negativo de US$ 9,8 bilhões verificado em um período de 12 meses -entre junho de 1996 e maio de 1997. Pior resultado A previsão menos otimista, do banco de investimentos J.P. Morgan, é de que o déficit deverá alcançar US$ 13,3 bilhões. Se somar "apenas" US$ 10 bilhões, o déficit comercial deste ano será quase o dobro do verificado em 1996 -quando o saldo negativo foi de US$ 5,539 bilhões- e o pior da história recente. Desde a abertura da economia, em 89, esse resultado só não seria mais dramático que o registrado há três anos, quando o real foi adotado como moeda. Naquele ano, o saldo negativo foi de US$ 809 milhões. Nada mal se, em 93, a balança comercial não tivesse registrado um superávit de US$ 854 milhões. As exportações, naquele período, avançaram apenas 9%, enquanto as importações cresceram 77%. Efeito de medidas Desde maio, a Secretaria de Política Econômica atesta tendência de redução no ritmo de crescimento das importações. Isso seria o resultado de medidas tomadas na área de financiamento. A primeira, adotada no início de maio, bateu diretamente na restrição ao consumo. Trata-se da elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidente no crédito para pessoas físicas. A outra medida atacou os preços relativos dos produtos estrangeiros. No final de março, o governo restringiu o crédito para as importações. O resultado foi o encarecimento dos importados e a perda de competitividade no mercado local. Texto Anterior: Setor deve gerar US$ 100 bi Próximo Texto: Consumo desequilibrou Índice |
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