São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Aliados vêem má comunicação

ELIANE CANTANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Palmeira, Arruda e o ministro Antonio Kandir (Planejamento) apontam o mesmo vilão para as dificuldades do governo: a falta de comunicação. E acham que a divulgação do "Brasil em Ação" poderá fazer milagres. Kandir não pára de distribuir exemplares para políticos, jornalistas, empresários. "Precisamos panfletar", justifica.
Mais pragmáticos, os pefelistas advertem que não é bem assim. O presidente interino do PFL, deputado José Jorge (PE), acha que, antes, é preciso melhorar o grau de comunicação entre o Planalto e os partidos que dão sustentação ao governo no Congresso.
Proclama, ainda: "Parem de fazer marola". Jorge é contra, por exemplo, a divulgação precipitada de uma reforma ministerial administrativa no segundo semestre.
Na questão da reforma, Kandir concorda com ele. Acha que mexer com ministérios, órgãos e funcionários perto de eleição não dá certo. "Não é possível que já tenham esquecido a confusão no governo Collor. Ninguém se entendia, ficou uma bagunça", lembra.
O presidente se apressa em responder que não está em seus planos extinguir, fundir ou criar ministérios no primeiro mandato.
Acha que o fundamental agora é instalar, ainda neste ano, as agências autônomas de petróleo, telecomunicações e energia elétrica, para só mais adiante poder criar um Ministério da Infra-Estrutura ou outro, do Comércio Exterior.
FHC ainda se apega ao Real como principal estaca de seu governo. Ele e seus estrategistas políticos, porém, concluíram que é preciso mais. Além da "imagem operativa", querem enfatizar daqui até as eleições que foram dados vários passos após cair a inflação.
Seus opositores não pensam assim. O presidente do PT, José Dirceu, adianta que o discurso da frente de esquerdas que está se formando não é de combate ao Real, mas de proposições para que a estabilidade da moeda tenha reflexos no nível de emprego e na melhoria das condições sociais.
O Real, portanto, pode não ter mais a mesma força política de 1994, mas deverá chegar a 1998 ainda no centro do processo eleitoral.

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