São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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Tucanos buscam 'colar' sua imagem à do Plano Real
ELIANE CANTANHÊDE
O jantar foi estrategicamente marcado para comemorar, ao mesmo tempo, o aniversário do Real (criado em julho de 1994) e o do PSDB (fundado em julho de 1988). É uma forma de "colar" a imagem do partido a Fernando Henrique e ao Real. Ambos deverão ser as duas maiores bandeiras eleitorais dos tucanos, em 1998. "Se a popularidade do governo continuar alta, é só colar em mim que o partido ganha a eleição", opinou o próprio presidente, em recente almoço informal. FHC quer participar o mínimo possível da campanha nos Estados. Molho pefelista Para o PFL, que se fortaleceu no vácuo da eleição de Fernando Henrique Cardoso para a Presidência, não há como fazer a mesma identificação com o real que os tucanos estão buscando. Os líderes pefelistas reconhecem que a paternidade do plano é dos economistas Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco e Edmar Bacha. Em maior ou menor grau, eles têm vínculos com a social-democracia e são simpatizantes do PSDB. Até por isso, os pefelistas defendem enfaticamente uma mudança de rumos e de símbolos na campanha de Fernando Henrique à reeleição, em 98. "O Real foi muito bom em 94, mas virou arroz com feijão. É preciso botar uma carninha, um molho aí no meio", disse o senador Guilherme Palmeira (PFL-AL), um dos articuladores da criação do PFL e o primeiro candidato a vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso em 1994. Numa conversa de quase três horas com o presidente, no Alvorada, um mês atrás, Palmeira destacou a necessidade de renovar o discurso político e defendeu uma imagem "mais operativa" para o candidato FHC. Citou dois setores básicos: habitação, para gerar emprego nas áreas urbanas, e linhas de crédito para assentamentos, para fixar o homem nas áreas rurais. Além de escolas, em ambos. Fernando Henrique informa que só a CEF (Caixa Econômica Federal) tem uma bolada de R$ 17 bilhões para investir em habitação e saneamento. Discurso atualizado Na conversa com o senador, FHC reconheceu que, apesar de todo o sucesso do Real, tanto para a estabilidade da economia quanto para dar sustentação política ao governo, o discurso de 94 terá que ser atualizado para 98. Puxou, então, uma cópia do "Brasil em Ação", documento que contém os 42 programas prioritários do governo, para tentar mostrar que o governo tem feito muito, mas ninguém sabe. "Se isso existe, é uma surpresa. O que se sabe é o contrário: o que foi prometido, mas não foi cumprido", reagiu o senador alagoana. O líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda, virtual candidato do PSDB ao governo do Distrito Federal, concorda. "Se você me pedir para citar 5 dos 42 projetos, eu não vou saber", reconheceu. Texto Anterior: Laboratório criativo Próximo Texto: Aliados vêem má comunicação Índice |
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