São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Empregadas filipinas temem concorrência

DO ENVIADO ESPECIAL

As cerca de 140 mil filipinas que trabalham como empregadas domésticas em Hong Kong enfrentam o fantasma da concorrência de mão-de-obra barata vinda da China. Um estudo do governo filipino apontou que, em três anos, as chinesas, dispostas a aceitar um salário menor, terão muitas chances de obter empregos no território.
"Claro que estou preocupada", afirma Roselita Jonson, 28, uma filipina que trabalha como empregada doméstica em Hong Kong há dois anos. "Ganho 4.000 mil dólares de Hong Kong por mês (US$ 513) e tenho certeza que as mulheres que vierem da China vão aceitar um salário menor do que a metade do que recebo."
Um salário médio em Pequim contabiliza 600 yuans (US$ 72). Mas o governo da China vai manter controles na fronteira de Hong Kong para impedir uma invasão de chineses em busca de melhores salários. Pequim não quer estimular o contato de sua população com a democracia de Hong Kong.
O governo filipino não acredita que a competição com trabalhadoras chinesas provoque um êxodo de filipinas de Hong Kong. Angelo Jimenez, da Secretaria de Trabalho das Filipinas, afirmou que quase 70% das trabalhadoras de seu país em Hong Kong têm educação universitária e a esmagadora maioria fala inglês, uma herança da colonização norte-americana no país.
Com essas características, as empregadas domésticas filipinas poderiam enfrentar a concorrência das trabalhadoras chinesas, afirmou Jimenez.
O presidente chinês, Jiang Zemin, e o futuro governador de Hong Kong, Tung Chee-hwa, afirmaram que não haverá mudanças na situação das trabalhadoras filipinas. "Mas eu não sei se devo acreditar nessas declarações", afirmou Roselita Jonson.
Cerca de 7 milhões de filipinos deixaram sua terra natal em busca de melhores salários. Trabalham em mais de 137 países e enviam anualmente às Filipinas US$ 7 bilhões. "Eu mando dinheiro para meus pais, que são aposentados", disse Roselita.

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