São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Soldado mata três por ciúme em Minas

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SETE LAGOAS (MG)

O soldado da PM Norberto Soares de Freitas, 31, invadiu ontem a casa da família de sua mulher e matou a sogra Maria Madalena Rodrigues Soares, 55, a cunhada Célia Marciana Rodrigues Soares, 20, e a sobrinha Cibele Cristina Soares, 13.
O crime aconteceu por volta das 2h em Sete Lagoas (63 km a oeste de Belo Horizonte). Ele atirou também contra a mulher, Maria Helena Soares de Freitas, 26, e o cunhado Roberto Rodrigues Soares, 23. Eles passam bem.
O outro cunhado, Adílson Rodrigues Soares, 32, acordou com os gritos do irmão e lutou com o soldado, sofrendo fratura da clavícula. Durante a luta, o revólver disparou contra o chão. Adílson conseguiu tomar a arma e tentou atingir o policial, mas a munição tinha acabado.
Norberto Freitas fugiu e foi preso cerca de uma hora depois em sua casa por policiais militares, que arrombaram a porta. Ele teria tentado suicídio, cortando uma veia do braço esquerdo na altura da articulação do cotovelo.
O soldado se recusou a prestar depoimento para a delegada de homicídios de Sete Lagoas, Rosemary Alem Vaz D'Oliveira.
Ele também não quis falar com a reportagem da Agência Folha. Questionado se estava arrependido, o soldado concordou com a cabeça.
No final da tarde, ele foi transferido para uma unidade da PM de Belo Horizonte, a pedido do comandante de Sete Lagoas, major Sérgio Luiz Marques.
"Esta medida é para preservar sua integridade diante do clima de revolta em que se encontra a família das vítimas", disse.
O enterro das vítimas seria ontem às 17h30, no cemitério Santa Helena, em Sete Lagoas.
Freitas entrou na casa da sogra usando uma chave que ficava dependurada em um prego do lado de fora. Ele tirou os sapatos e escondeu os telefones antes de entrar no quarto onde estavam dormindo cinco das vítimas.
"Eu acordei quando ele estava armando o revólver. Minha mãe gritou para que ele não fizesse aquilo. Ele atirou primeiro nela, depois na minha irmã e na minha sobrinha. Depois de me atingir, ele saiu e eu tranquei a porta", disse a mulher do soldado.
Ela contou que estavam casados havia cinco anos e que ele era muito ciumento. Eles moravam em uma casa de muro alto, para que ela não pudesse sair para nada.
Há duas semanas, ela passou a viver na casa da mãe, depois de ter apanhado muito do marido. Mesmo assim, não quis contar à família que Freitas era um homem violento, para não prejudicá-lo.
"Tinha medo de ele ser punido por causa disso pela PM".

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