São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Dono de BMW aparece e nega alta velocidade

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Fernando Antônio Cunha foi indiciado ontem à noite sob as acusações de homicídio e de tentativa de homicídio. Ele atropelou o zelador Antônio Alves da Silva, 32, e matou Douglas Araújo da Silva, 8, filho único de Antônio.
Cunha dirigia uma de suas três BMWs e, segundo testemunhas, passou o sinal vermelho, atingiu pai e filho na faixa de pedestres e fugiu sem prestar socorro às vítimas. O crime aconteceu no dia 22 passado na esquina das avenidas Nova Cidade e Hélio Pellegrino, no Itaim Bibi (zona sudoeste).
A acusação formal contra o empresário é de homicídio doloso (quando há vontade de matar). Nesse caso, o dolo é eventual, pois, para a polícia, embora o empresário não tenha tido a vontade de matar, ele assumiu o risco de produzir o efeito, o atropelamento, com a sua conduta no trânsito.
Cunha foi interrogado das 18h às 20h30 no 15º DP (Itaim Bibi). Os dois advogados do empresário não quiseram comentar o do interrogatório. Questionaram apenas o conteúdo do indiciamento.
"Não concordamos com a acusação de homicídio com dolo eventual. Houve, sim, um acidente. Não há provas de que nosso cliente tenha assumido o risco de praticar tal ato", disse o advogado Fernando Castelo Branco.
Segundo ele, Cunha dirigia o carro em uma velocidade compatível com o trecho da "avenida em que ocorreu essa tragédia". O empresário saiu da delegacia sem dar entrevistas. "Respeitem meu momento", disse Cunha, que responderá ao inquérito em liberdade.
Abalado
Segundo o delegado Cláudio Kiss, do 15º DP, Cunha negou que tivesse passado o sinal vermelho. "Ele (Cunha) disse que não viu o pai e o filho, que só viu um vulto, pois teve a visão atrapalhada por um ônibus", afirmou.
Ainda segundo o delegado, o acusado disse que não parou a BMW porque viu pelo retrovisor que as vítimas estavam sendo socorridas e porque estava abalado e preocupado com a namorada, Sandra, que o acompanhava.
O pára-brisa da BMW ficou estourado, assim como um dos faróis do carro. Além disso, a lataria esquerda do veículo foi amassada. Pai e filho foram jogados longe. O zelador permanecia internado ontem com fraturas múltiplas.
Segundo o delegado, pela força do impacto será possível determinar a velocidade aproximada em que o empresário estava no momento do atropelamento. A perícia no carro foi feita na semana passada, e o laudo deverá ficar pronto em 30 dias.
O empresário visitava a namorada em São Paulo. Após o acidente, foi ao condomínio onde ela mora no Morumbi (zona sudoeste). Depois, embarcou para o Rio.
No dia seguinte, uma testemunha informou à polícia a placa da BMW, o que permitiu a identificação de Cunha. No local do atropelamento ficou um espelho retrovisor do carro. Numerado, ele é uma das principais provas do caso.

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