São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Comando da PM negocia salários

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comando da Polícia Militar de São Paulo assumiu ontem à tarde a frente das negociações de reajuste salarial da corporação. A decisão foi tomada após reunião com seis entidades de classe da categoria.
Segundo a Associação de Cabos e Soldados da PM (que reúne o mais baixo escalão da tropa), a principal reivindicação é o aumento do piso salarial de R$ 494 para R$ 1.050.
"O problema tem que ser resolvido o mais rápido possível para não criar um clima de intranquilidade na corporação", afirmou o tenente-coronel Paulo Régis Salgado, chefe da seção de assuntos civis da PM.
O objetivo principal do comando da PM paulista ao assumir as negociações é evitar que em São Paulo se repita o mesmo que aconteceu em Minas Gerais.
Para tanto, o comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa, vai agendar uma reunião emergencial ainda nesta semana com o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, para tratar do assunto.
"O comando tomou frente e vai negociar em nome das associações porque considera as reivindicações legítimas", declarou Salgado.
Essa é a primeira vez que o alto comando da PM assume uma campanha salarial. "É a primeira vez que isso acontece. O comando tomou a frente e nós estaremos juntos, apoiando", afirmou o cabo Wilson de Oliveira Moraes, presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM.
Afonso da Silva informou, por sua assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar a respeito da decisão do comando da PM de encampar a campanha salarial quando for comunicado oficialmente. Informou também que já vinha mantendo encontros com representantes das associações de classe da PM havia algum tempo.
Ultimato
O cabo Moraes afirmou que o governo do Estado tem um mês para solucionar o impasse. Apesar da posição, ele declarou ser contrário a um movimento grevista.
"Somos contrários à greve, mas, se não atenderem as reivindicações, será difícil controlar a massa. Temos medo de perder o controle. Por isso, pedimos calma."
As entidades temem que aconteça em São Paulo o mesmo que ocorreu em Minas Gerais. "Se acontecer aqui será muito pior, pois o efetivo paulista é maior", declarou Moraes.
Para contornar o problema, em caso de impasse, o cabo disse que as associações de classe estão preparando uma tática para "desmoralizar o governo" muito mais do que uma greve. "Será algo poderoso. Uma arma secreta", afirmou, sem revelar do que se trata.
A PM está tentando identificar os autores das convocações para greve feitas durante a madrugada na faixa de rádio dos carros de polícia.

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