São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997
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Cantora traz ideologia musical nos cabelos

ALEXANDRE LOURES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Rita Ribeiro é uma artista que traz sua concepção musical na cabeça. Nada de anormal à primeira vista, mas é que no caso da cantora maranhense, assim como Sansão, o segredo está nos cabelos.
Segundo Rita, os cachinhos apontados para cima, que formam seu penteado, representam a sua vontade experimentar o novo.
"Além disso eu estava cansada de cabelo comprido e procurei algo que mostrasse mais o meu rosto, assim como quero mostrar minha música", afirma.
Não são só as coisas novas, porém, que influenciaram o visual da artista.
Segundo ela, as torres que via no interior do Estado do Maranhão, quando criança, também foram fonte de inspiração para a composição da sua ideologia estético-musical.
Aliás, essas mesmas torres ilustram o encarte do primeiro CD da cantora, que leva o seu nome e deve servir de base para o show que ela apresenta esta noite na cidade.
O show terá as 14 músicas do CD e mais uma versão da música "Vendedor de Bananas" de Jorge Ben Jor.
"Venho cantando essa música há algum tempo, mas acho que ainda não era o momento de gravá-la", diz Rita, explicando a ausência da canção no CD.
Entre os destaques do primeiro trabalho da cantora estão as três canções de autoria de Zeca Baleiro, que juntamente com Carlos Manga, produziu o disco.
Outro destaque é "Divino", a única composição de Rita, em parceria com o próprio Zeca.
Além dessas, a versão da música "Isso", de Chico César, com arranjos de cordas e gaitas promete arrancar suspiros das platéia.
"Tecnomacumba"
Uma dos rótulos que a maranhense impõe ao próprio trabalho é o de "tecnomacumba", que usa para caracterizar a música "Jurema", de domínio público, muito cantada em terreiros de macumba.
"Essa música é um ponto de cabocla com uma pitada de discoteca. O transe que ela proporciona é muito parecido com o transe das pistas de dança e dos terreiros", afirma a cantora, que foi frequentadora tanto de discotecas, quanto de casas de umbanda.
Ainda no lado místico, Rita declara sua admiração e influência por Dona Teté, cantora de cortejos religiosos em São Luiz do Maranhão.
Também de São Luiz, vem as canções "Cocada" e "Tem Quem Queira", de autoria Antônio Vieira, um compositor de quase 80 anos, ainda inédito.
"É uma pérola que está em uma concha lá no Maranhão, que tem uma sabedoria que vem da simplicidade", define Rita.
Laboratório
Para compor o repertório de seu disco de estréia, lançado pela gravadora Velas, Rita Ribeiro usou os shows que realizava nas noites de São Paulo como laboratório.
"Em quase oito anos de shows por São Paulo, eu pude testar o repertório e ver o que mais agradava à platéia".
Rita completa: "Eu venho trabalhando como uma formiguinha para conquistar meu espaço e pretendo ir cada vez mais longe".
O disco teve a participação dos músicos Tuco Marcondes, Bocato e Mário Manga, que também devem participar do show de hoje.

Show: Rita Ribeiro
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa, zona noroeste, tel. 871-7700)
Quanto: R$ 10, R$ 7,50 (comerciários inscritos) e R$ 5 (estudantes)

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