São Paulo, terça-feira, 1 de julho de 1997 |
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Intérprete maraense mostra que o sertão não é mais o mesmo
DA REPORTAGEM LOCAL O Maranhão vive momento de exportação de artistas para o sul. Logo após a chegada ao disco de Zeca Baleiro, a cantora Rita Ribeiro, 31, se lança no mercado com disco que leva seu nome.O compositor predominante no trabalho é o mesmo Zeca Baleiro, em mais uma fileira de canções de letras bem arquitetadas e algo carentes de assunto a tratar ("Eu te amo sim eu te amo não/ mesmo que pareça absurdo esse refrão", diz em "Missiva"). O disco é produzido por Baleiro e por Mário Manga, do Premê, mas é a identidade do primeiro -a que Rita mostra se filiar- que predomina. Assim é que o Nordeste se universaliza, no preparo de um coquetel que coloca lado a lado o compositor paranaense Carlos Careqa ("Cortei o Dedo"), o brega-kitsch Márcio Greyck ("Impossível Acreditar Que Perdi Você") e a Banda de Pífanos de Caruaru ("Yes - Deixa Nós Ir"). O Estado natal, no entanto, é prioridade. Do Maranhão, Rita recupera João do Vale (co-autor do clássico "Carcará"), com "Pé do Lajeiro", Josias Sobrinho (autor de "Engenho de Flores", velho sucesso com Diana Pequeno), com "O Biltre", e Antônio Vieira. Esse último é compositor de 80 anos que ela afirma que ninguém gravou antes. "Cocada" e "Tem Quem Queira" são dois dos momentos mais inspirados do CD. Contrastam com a "moderna" "Divino", parceria de Rita e Baleiro, pobre paródia verso a verso de "Lamento Sertanejo", de Gil. Nessa, a voz parodia a de Elba Ramalho, trazendo cor variada ao modo geral de interpretação, que disco afora oscila sempre entre o repente moderno de Daúde e o canto quadrado de Vange Milliet. No todo, há uma uniformidade excessiva, que faz o trabalho de Rita, por ora, sofrer do medo do banal. Mas num momento, pelo menos, Rita quebra o encanto: é quando canta o tema de domínio popular "Jurema", conferindo-lhe arranjo de... dance music. O estranhamento traz atrito, e aí Rita chega a fazer faísca. Engraçado à beça, torna inevitável a conclusão: o sertão não é mais o mesmo. Se isso é bom ou ruim, o futuro dirá. Disco: Rita Ribeiro Artista: Rita Ribeiro Lançamento: Velas Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Cantora traz ideologia musical nos cabelos Próximo Texto: Premê apresenta disco ao vivo no Sesi Índice |
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