São Paulo, quarta-feira, 2 de julho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Marcha reúne 3.000 nas ruas de Hong Kong e pede democracia ao novo governo
JAIME SPITZCOVSKY; GILSON SCHWARTZ
"Alguns policiais estavam muito nervosos, empurraram alguns militantes", disse à Folha Lau San Ching, diretor do jornal "Hong Kong Voice of Democracy". "Nunca tinha visto nossa polícia tão nervosa." Lau também disse que a organização da manifestação recebeu uma advertência da polícia. "Reclamaram do fato de termos dito a eles que esperávamos cerca de 2.000 pessoas, mas veio muito mais gente", disse Lau. Ele acrescentou que as autoridades policiais não falaram em eventuais sanções. Segundo Lau, os policiais estariam nervosos por causa do novo cenário político. "Eles temem ser acusados de muito tolerantes pelo novo governo e por Pequim", afirmou. 'Brecha legal' O Conselho Legislativo provisório, formado por deputados indicados por Pequim, aprovou na madrugada de ontem mudanças nas leis que limitam manifestações em Hong Kong. Mas a polícia havia dito que não exigiria o cumprimento das novas regras nos dois primeiros dias do novo governo, com medo de enfrentamentos que pudessem comprometer o clima de festa almejado pela China. A polícia manteve apenas a exigência dos últimos anos do colonialismo britânico, segundo a qual organizadores de manifestações de rua devem comunicar com antecedência as autoridades policiais os seus planos. As novas leis proíbem manifestações que ameacem a "segurança nacional ou integridade territorial" da China. Também exigem aprovação prévia da polícia a protestos com pelos menos 30 pessoas. Desencontro A marcha de ontem, que, segundo algumas emissoras de rádio de Hong Kong chegou a reunir até 10 mil pessoas, durou duas horas. Foi de Causeway Bay, área na parte leste da ilha, até o edifício do governo, na região central. Pelo caminho, turistas e moradores de Hong Kong aumentavam o grupo. Os líderes do protesto queriam entregar uma carta ao novo governador, Tung Chee-hwa, mas ele participava de uma recepção diplomática em outro ponto da cidade. A carta, que pede democracia em Hong Kong e na China, foi entregue a assessores do governador. Após 15 minutos com alguns discursos diante do prédio do governo, a manifestação se dispersou. A polícia ajudou a marcha a se movimentar pelas ruas de Hong Kong. Enviou um grupo de motocicletas para abrir caminho. Os policiais já não carregavam em seu uniforme a insígnia da "polícia real", usada nos tempos do colonialismo. A entrada do prédio do governo já sustentava símbolos do regime de Pequim. "Queríamos mostrar, no primeiro dia do novo poder, que nós nos preocupamos com o futuro da democracia em Hong Kong", afirmou o sindicalista Lee Cheuk Yan, um dos líderes da Aliança de Apoio aos Movimentos Patrióticos e Democráticos da China. Essa organização compõe a Aliança de Hong Kong, a frente de grupos pró-democracia que promoveu a marcha de ontem. (JAIME SPITZCOVSKY e GILSON SCHWARTZ) Texto Anterior: Tung anuncia regra financeira Próximo Texto: Feriado é dia de compras Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |