São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Suframa faz tucano ameaçar sair do PSDB

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

A demissão do superintendente da Zona Franca de Manaus é "um pagamento" que Fernando Henrique Cardoso faz ao governador Amazonino Mendes (PFL-AM) "pela fraude eleitoral da compra de votos na reeleição".
A avaliação, ouvida na oposição amazonense desde que foi anunciada a demissão de Mauro Ricardo Machado Costa, foi dita ontem por um deputado federal do PSDB, partido do presidente da República.
"Assim que trocarem o superintendente da Suframa eu saio do partido. Isso é traição. FHC me prometeu pessoalmente que não tocaria lá", disse Luiz Fernando.
Amazonino teria, segundo gravações reveladas pela Folha, pago R$ 200 mil por voto pró-reeleição na região Norte. Ele nega.
O deputado disse estar "revoltado" com a saída de Costa da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). "O que ele fez? Demitiu parentes do governador porque eram fantasmas."
Os tucanos são três dos oito deputados federais amazonenses. Apesar de pequena, a bancada tem como líder Arthur Virgílio Neto -secretário-geral do PSDB e um tucano "histórico".
A Folha não conseguiu falar com Arthur Virgílio ontem. Recentemente, ele tem concedido entrevistas criticando a postura do governo federal no caso Suframa.
O governo não apresentou justificativas técnicas para a demissão de Costa, cuja cabeça era reivindicada por Amazonino desde que começou a reduzir o poder do governo estadual na Suframa.
Fez isso ao regular o uso de verbas da Suframa por políticos da região amazônica e ao normatizar contratos entre o órgão e a Fucapi, fundação ligada à Suframa. Demitiu a irmã e uma sobrinha de Amazonino no processo.
Segundo auditoria do Ministério do Planejamento de maio do ano passado, a Fucapi era um duto de privilégios (como passagens aéreas de cortesia) e malversação de verbas que privilegiava contratos com o governo do Amazonas.
Amazonino, que não foi encontrado ontem em seu gabinete até as 19h, nega querer a Suframa.
Diz que a atual gestão foi danosa porque, ao cassar benefícios de empresas, dificultou o desenvolvimento do Estado -que baseia 80% de sua economia no Distrito Industrial de Manaus.
Também divulgou, por meio do PFL-AM, documento acusando Costa de viver com mordomias. Até ontem, o Ministério Público do Amazonas não viu consistência nas afirmações.

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