São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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SP tem média de vida de 69,4 anos

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se fosse um país, o Estado de São Paulo estaria 28 posições (79º) acima do Brasil no ranking mundial de expectativa de vida. Cálculos de 1995 do Serviço Estadual de Análise de Dados dão 69,4 anos de esperança de vida aos paulistas.
Essa hipótese demonstra outra faceta das desigualdades dentro do Brasil: a expectativa de vida pode variar mais de seis anos em função da região do país.
Os nordestinos morrem mais novos do que os habitantes de qualquer outra região. Segundo o demógrafo Celso Simões, em 1990 a expectativa de vida para os nordestinos era de 62,2 anos, contra 68,7 nos Estados do Sul.
Ele diz que isso já foi pior. "Em 1970, o Nordeste tinha oito anos a menos de esperança de vida do que a média nacional. Em 1990, a diferença baixou para três anos."
Segundo o demógrafo, a melhoria dos índices de saneamento (água encanada e tratamento de esgoto) e escolaridade nordestinos foi decisiva para a diminuir a distância entre as regiões.
As desigualdades chegam ao nível municipal. Em São Paulo, a diferença de esperança de vida chega a 5,5 anos no caso das mulheres e a 3,7 anos no dos homens.
É o que mostra tese defendida pelo médico Marcos Drumond. Ele dividiu a capital em quatro áreas homogêneas -segundo características socioeconômicas comuns- e calculou a expectativa de vida em cada uma delas.
Na área 1, que corresponde aos bairros mais ricos da cidade, a esperança de vida das mulheres chega a 77,9 anos (igual à das dinamarquesas). Na periferia mais pobre, não passa de 72,4 anos.
Campeão mundial
Pelos dados de 1994 do Pnud (os últimos disponíveis), o Brasil continua sendo o campeão mundial de concentração de renda. Os 20% mais ricos da população têm uma renda 32 vezes maior do que os 20% mais pobres.
Em dólares PPP (ajustados pelo Banco Mundial para que tenham o mesmo poder de compra em todos os países), a renda per capita dos mais pobres era de R$ 578,00. A dos ricos chegava a R$ 18.563,00.
Por esses valores, a diferença entre esses dois segmentos da população é tão grande que, isoladamente, os 20% mais ricos seriam o 25º "país" do mundo.
Já os 20% mais pobres formariam o 62º "país", atrás de nações latino-americanas, como a Bolívia, e africanas, como Gana.
Desde o Plano Real, os indicadores mostram uma pequena queda da concentração no Brasil. Porém, ainda não é suficiente para tirar do país o título de campeão.

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