São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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O campo dos sonhos

JOSÉ CARLOS BRUNORO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os futurólogos estão agitados.
Conhecedores da capacidade inexplicável do jeitinho brasileiro de fazer as coisas, estão curiosos sobre o futuro do futebol.
Imagine que, pelos cálculos, o Campeonato Brasileiro, que tem 26 clubes em 97, terá 32 no ano 2000 e, 232 no ano 3000. Isso porque, de agora em diante, nenhum clube pode cair, só subir, e o campeonato mais interessante passa a ser o da Série B.
Novamente teremos um campeonato substituído por vários torneios, pois teremos um torneio de classificação, um torneio final etc. etc.
Na realidade, precisaríamos encarar o futebol de forma mais séria e profissional.
Para que tivéssemos bons campeonatos, seria preciso fazer um planejamento, a médio prazo, de toda a estrutura do futebol.
Seria necessário definir um calendário ideal para iniciarmos 2001 já organizados. Temos quatro anos para executar esse plano. Precisaríamos montar um calendário com datas organizadas e rígidas para campeonatos nacional, regionais e internacionais, seleção nacional, férias e pré-temporadas, o que passa pela redução do número de clubes.
Como todos sabem, existe a eterna briga quanto a se são válidos ou não os estaduais, o que dificulta a discussão sobre as prioridades do futebol nacional.
Por que não substituir a Copa do Brasil por dois meses de campeonatos regionais, com alguns jogos complementares em meio de semana, durante o Brasileiro?
Seria necessário reduzir o número de clubes, tanto no Brasileiro quanto nos regionais, paulatinamente, usando exclusivamente o critério técnico, como rebaixar quatro times, permitindo que apenas dois subam -como seria feito neste ano pelo regulamento original do Brasileiro. Teríamos em 2001 apenas 18 clubes na primeira divisão.
A pré-temporada seria obrigatória após as férias dos atletas. Além disso, teríamos um descanso entre o Natal e o Ano Novo, já que o melhor seria seguir os calendários europeus, já consolidados, iniciando o Brasileiro no segundo semestre para terminar no início do ano seguinte.
Com isso, os jogadores estariam mais bem preparados, e o resultado técnico seria melhor.
O Brasileiro seria classificatório para campeonatos internacionais. Primeiro e segundo iriam para a Libertadores; terceiro e quarto, para a Conmebol; quinto e sexto, para outros. Com isso, teríamos o término desses torneios inventados recentemente, disputados meramente por questões financeiras.
O trabalho da seleção já seria predeterminado a cada quatro anos, separando datas para amistosos, e não criando datas em função de amistosos de última hora, como ocorre hoje.
Mesmo que não se conseguisse marcar jogos para esse período, o técnico teria a oportunidade de reunir seus jogadores.
Assim, teríamos um campeonato de verdade -com pontos corridos, em turno e returno-, em sete ou oito meses.
No máximo, o campeão de cada turno disputaria uma final.
Temos até o ano 2000 para mudar e precisamos criar motivação para alcançar essa meta. Então, em nossos campos dos sonhos, continuariam a desfilar nossos melhores jogadores, que teriam melhor condição de trabalhar.

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