São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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USP quer combater atraso em patentes

DA REPORTAGEM LOCAL

A Universidade de São Paulo (USP) planeja criar um escritório de comercialização de patentes como forma de aproximar seus pesquisadores e empresas privadas.
No ano passado, a universidade -considerada a mais importante do país- registrou somente dois pedidos de patentes no Instituto Nacional das Propriedades Industriais (Inpi), ambos negados.
Segundo o pró-reitor de pesquisa da USP, Hugo Aguirre Armelin, a universidade emprega cerca de US$ 400 milhões por ano em pesquisas. Do valor, US$ 250 milhões vêm de bolsas do governo federal e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Hoje, a USP tem apenas uma assessoria jurídica (o Grupo de Apoio ao Docente Inventor), que prepara os pedidos de patentes.
"A intenção é que esse grupo não só prepare pedidos de registro, mas meça o potencial comercial das patentes", disse Armelin.
O pró-reitor reconheceu que dois pedidos de registro em 1996 é um número baixo. Só entre os registrados no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a USP tem 1.056 grupos de pesquisadores, quase 15% do total brasileiro.
Técnicos do Inpi consideram, segundo a Folha apurou, que falta às universidades conhecimento sobre os direitos de propriedade industrial e como explorá-los.
"Certamente estamos atrasados", declarou Armelin. "O professor não sabe o potencial comercial da pesquisa que realiza."
A idéia é, a partir das pesquisas desenvolvidas na universidade, procurar empresas (indústrias e laboratórios, por exemplo) interessadas nos assuntos abordados e firmar convênios com elas.
"A universidade estaria anunciando à sociedade que é capaz de gerar conhecimento útil do ponto de vista tecnológico e mostraria às empresas que há parceiros competentes para futuros contratos", afirmou Armelin.
O laboratório de cristalografia de proteínas e biologia estrutural do Instituto de Física da USP em São Carlos arrisca uma primeira iniciativa: está em contato com empresas nacionais e internacionais para se tornar um centro de biotecnologia com maior interação com as indústrias.
"Temos de saber do que a indústria precisa, conhecer a demanda, e criar linhas de trabalho", disse o diretor do laboratório, Glaucius Oliva, que também reclama da falta de um setor preparado para registrar as patentes.
"Tinha de haver um advogado dentro do laboratório perguntando se não é hora de patentear um invento. Mas não temos essa esperteza ainda", acrescentou.

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