São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Dialeto mandarim causa confusão e risos

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

Com a chegada do novo poder, Hong Kong passa a ter o mandarim, a versão do chinês falada em Pequim, como uma de suas línguas oficiais -e como fonte de problemas. Na cerimônia de posse do governo, anteontem, um conselheiro de Tung arrancou risos da platéia ao errar a pronúncia de uma palavra e chamar a "Região Administrativa Especial de Hong Kong" de "Região Nervosa Especial de Hong Kong".
A maioria da população do território fala cantonês, o dialeto do sul da China. Mandarim, o idioma oficial chinês, e cantonês diferem bastante, com palavras e pronúncias distintas, embora usem praticamente os mesmos ideogramas. Ou seja, os habitantes de Hong Kong não têm problemas na hora de ler textos que vêm de Pequim.
Na cerimônia de posse do novo governo, Chung Sze-yuen lia o discurso em mandarim. Mostrava dificuldades com o idioma oficial e a pronúncia da palavra "xingzheng" (administrativa) saiu "shenjing" (nervosa).
Tung mostrou ontem mais habilidade idiomática do que seu conselheiro. Na entrevista coletiva, oferecia as respostas no mesmo idioma da pergunta: mandarim, cantonês ou inglês.
Perguntado sobre o critério usado para escolher o idioma da resposta, Tung disse: "Depende apenas da pergunta. Podem perguntar também em xangainês". O governador nasceu em Xangai.
Tung ainda brincou: "Mas não façam perguntas em francês ou fuquianês (outro dialeto da China). Não saberia responder".
O governador viveu 15 anos na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde aperfeiçoou seu domínio da língua inglesa.
Tung Chee-hwa conduz reuniões com sua equipe em cantonês e os contatos com as autoridades de Pequim, em mandarim.
O idioma trazido pelos colonialistas vai sobreviver em Hong Kong. Permanece como uma das línguas oficiais do território nos próximos 50 anos, graças ao arranjo de manter inalterado o atual estilo de vida de Hong Kong.
O mandarim ganha espaço com o aumento dos contatos de Hong Kong com o resto da China. Cresce a presença de companhias chinesas cujos funcionários falam apenas a língua de Pequim.
(JS)

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