São Paulo, quinta-feira, 3 de julho de 1997
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Corrupção preocupa população e empresas

TERESA POOLE
DO "THE INDEPENDENT", EM HONG KONG

Imagine o seguinte cenário na Hong Kong pós-1º de julho de 1997. Um chinês que conte com boas conexões, possivelmente um dos "pequenos príncipes vermelhos" da família de algum alto integrante do governo, está de olho numa oportunidade lucrativa de negócios em Hong Kong.
No continente, suas conexões políticas ou partidárias lhe garantiriam o fechamento do negócio, mesmo que houvesse outras empresas interessadas no projeto. Em Hong Kong ele precisa agir com mais sutileza, mas consegue passar o recado: se as coisas não saírem como ele quer, a companhia pode enfrentar obstáculos em sua expansão na China continental.
"No passado, temíamos que o estilo corrupto de Hong Kong pudesse nos afetar, mas agora a situação é a inversa", disse recentemente o ministro chinês das Relações Exteriores, Qian Qichen.
Nos anos 60 e início dos 70, o funcionalismo público de Hong Kong era um antro de corrupção. Foi promovida uma campanha maciça de "limpeza" e estabelecida a Comissão Independente de Combate à Corrupção (Cicc), em 1974, para promover um expurgo na colônia britânica.
Sondagens de opinião revelam que a população de Hong Kong está mais preocupada com a possibilidade de uma invasão lenta e insidiosa de corrupção vinda do outro lado da fronteira do que com o fato de a China haver indicado os membros do Conselho Legislativo.
"Em julho de 96, dezembro de 96 e fevereiro de 97 perguntamos quais os aspectos pós-1997 que mais as preocupavam, e o ponto mais mencionado foi a corrupção", disse Michael DeGoyler, cientista político da Universidade Batista de Hong Kong.
Sondagens feitas junto à comunidade empresarial revelam o mesmo quadro. A Câmara de Comércio Britânica constatou que 85% de seus membros prevêem aumento da corrupção.
A agência japonesa "Jiji" mostrou que mais de 183 firmas japonesas atuantes em Hong Kong temem que empresas chinesas tenham tratamento preferencial em detrimento de estrangeiras.

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