São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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'Internauta da política' dos EUA abre escritório no Brasil

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O pioneiro do uso da Internet em campanhas políticas nos Estados Unidos, Phil Noble, 46, com 45 escritórios espalhados pelo mundo, vai entrar no mercado brasileiro.
Um dos possíveis parceiros, em fase de negociação, é o jornalista e consultor político mineiro Robinson Damasceno, 42, que diz já ter um cliente nas eleições de 98: o ex-presidente Itamar Franco, provável candidato à Presidência da República ou ao governo de Minas Gerais.
Noble -cuja empresa existe desde 79 e já atuou em cerca de 300 campanhas do Partido Democrata, inclusive a do atual presidente dos EUA, Bill Clinton (96)- foi o primeiro a utilizar a Internet com fins eleitorais.
Também participou da campanha do atual primeiro-ministro britânico, Tony Blair, do Partido Trabalhista.
"O Brasil é uma democracia em expansão, tem campanhas sofisticadas e a Internet está crescendo", diz. O número de usuários no país é de cerca de 600 mil e dobra a cada ano.
Segundo Noble, o marketing político na Internet terá, em dez anos, impacto maior ao que a televisão possui hoje. "Os dois meios estão se fundindo", diz.
"Nas eleições presidenciais de 96 nos EUA, um em cada dez eleitores definiu seu voto com ajuda da Internet. No ano 2000, esse percentual ficará entre 40% e 60%", afirma.
A Internet, diz Noble, pode potencializar o contato entre candidatos e os eleitores. Estes podem obter informações sobre os candidatos 24 horas por dia, enviar e-mails (correio eletrônico) e receber respostas quase imediatas.
"Também é possível organizar bate-papos on line com o candidato e debates". Nas últimas eleições britânicas, o programa de Tony Blair foi debatido com universidades, associações e eleitores via Internet.
Outra vantagem é a agilização e o barateamento da distribuição do material de campanha, que pode ser enviado e impresso em diferentes locais do país. "Em horas, o candidato poderá reagir a uma denúncia", diz.
Nos EUA, a Internet também tem ajudado no alistamento de voluntários (1/3 dos voluntários no ano passado), na arrecadação de fundos, na comunicação interna do time de campanha e na relação com a mídia.
Mas a Internet também pode trazer problemas. "No ano passado, adversários do candidato republicano, Bob Dole, colocaram na Internet uma página idêntica à dele, mas com propostas totalmente diferentes. Foi uma grande confusão", diz Robinson Damasceno.
Outro desafio é manter a página atual e ser ágil na resposta aos e-mails. "O internauta é ansioso e, quando magoado, torna-se um ex-eleitor", afirma o possível sócio de Noble no Brasil.

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