São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Após ajudar vice, PDT deve ganhar secretaria em SC

O ex-senador Nelson Wedekin pode assumir a Fazenda

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Um dia depois de ter colaborado com um voto para evitar a abertura de processo por crime de responsabilidade contra o vice-governador de Santa Catarina, José Augusto Hulse (PMDB), o PDT já tinha garantido, ontem, ao menos um cargo no governo estadual.
Nos próximos dias, o ex-senador Nelson Wedekin (PDT-SC), atualmente diretor do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico), será anunciado como substituto de Paulo Prisco Paraíso na Secretaria da Fazenda.
Paraíso deixou o cargo na última terça-feira, junto com o procurador-geral do Estado, João Carlos Hohendorff. Naquele dia, todos os secretários estaduais puseram seus cargos à disposição do governador Paulo Afonso Vieira (PMDB).
O objetivo da manobra é atrair de volta ao governo partidos que foram aliados de Vieira (caso do PDT, PFL e PSDB), aumentado as chances de o governador permanecer no cargo.
Vieira vai enfrentar nova votação na Assembléia, ao final do processo de impeachment, aberto na última segunda-feira. Se conseguir 14 votos -3 a mais que os 11 obtidos na última votação-, evitará o seu afastamento.
Na próxima segunda-feira, haverá uma reunião do diretório regional do PDT, durante a qual será analisada a participação do partido no governo.
"Uma boa"
O deputado Jaime Mantelli (PDT) disse ser "uma boa" a entrada de Wedekin no secretariado e manifestou apoio à participação pedetista no governo estadual.
"Eu não tenho compromisso com ninguém. O PDT saiu desse episódio (as votações de abertura do processo de impeachment) como um partido isento, que não pode ser desprezado por ninguém."
Mesmo tendo sido relator da comissão que pediu o afastamento de Vieira, Hulse, Paraíso e Hohendorff, Mantelli foi, anteontem, contra a abertura do processo contra Hulse. Ele justificou o voto dizendo que foi uma forma de "terminar com a confusão". Mantelli afirmou que poderiam surgir polêmicas sobre o quórum da votação.
Ele também disse ontem acreditar que Hulse "não praticou nenhuma irregularidade. Muito menos, de forma dolosa".
Com o voto de Mantelli, foram 12 os votos contra a abertura do processo contra Hulse. Votaram a favor da abertura do processo outros 20 deputados. Os 8 do PFL se retiraram da sessão e não votaram.
Mantelli também afirmou que, se o PDT fechar questão pela participação no governo estadual, votará a favor de Vieira na segunda sessão relativa à abertura de processo por crime de responsabilidade.
Anteontem, o presidente estadual do PDT, deputado federal Dércio Knop, já havia manifestado interesse na reaproximação. "O governo quer um novo entendimento, e nós estamos abertos."

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