São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Lixeiro salva bebê de ser triturado

DA FT

O lixeiro Lúcio Santos Lima, 25 anos, salvou ontem a vida de um recém-nascido pouco antes de o corpo da criança ser prensado dentro de um caminhão de lixo.
O bebê estava dentro de um saco de supermercado deixado junto ao entulho da rua Júpiter, altura do número 260, Aclimação (zona sudoeste de SP).
Por volta das 8h, o caminhão da Vega Sopave passou fazendo a coleta. "Peguei o saco de lixo e, quando fui catar os outros, escutamos um choro vindo do cocho (caçamba onde o lixo é prensado)", disse Lima. A cada 30 segundos, o cocho prensa o lixo depositado.
"Abri o saco e vi a criança. Peguei o bebê e embrulhei em uma blusa. Fiquei transtornado quando percebi que ele poderia ter sido prensado", afirmou.
Lima disse que, se pudesse, chamaria a criança de Felipe.
Dois guardas civis metropolitanos, Alexandre de Luca, 30, e Aguinaldo Pacheco, 31, faziam "bico" como seguranças na rua Júpiter e levaram o bebê para o Hospital do Servidor Público Municipal, onde ele está internado.
Segundo lixeiros e guardas, cerca de 50 centímetros de cordão umbilical estavam presos ao corpo do bebê e, no saco, havia ainda roupas e um cheque rasgado.
Os guardas visitaram o bebê no começo da tarde acompanhados de Lima. "Ele está muito diferente. Está com uma carinha saudável", disse o lixeiro. Lima trabalha na Vega Sopave há quase três anos.
A mãe do bebê, a doméstica Célia dos Santos Pereira, 22, foi presa pela polícia às 13h, na casa onde trabalha. Ela foi localizada pelo cheque de seu empregador, que estava no saco onde estava o bebê.
Célia disse que escondeu a gravidez por medo de perder o emprego e que teve o filho sozinha, em seu quarto, às 4h de ontem. Ela pagou R$ 100 de fiança e foi libertada. A doméstica se disse arrependida.
Segundo a delegada Iraci Medeiros Teixeira, ela não deve perder o direito, mesmo sendo indiciada por abandono de recém-nascido.
As assistentes do hospital disseram que há dois interessados em adotar o bebê.

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