São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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2º grau deve ter currículo novo em 98

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Paulo Renato Souza (Educação) divulga hoje sua proposta de reforma do 2º grau centrada na flexibilização do ensino.
Essa flexibilização seria alcançada por intermédio da introdução de núcleos comuns de disciplinas nas três séries do 2º grau, deixando às escolas um espaço para disciplinas optativas, que se adequariam aos anseios de cada aluno.
A proposta será encaminhada ao CNE (Conselho Nacional de Educação) na segunda-feira.
O projeto servirá de objeto de discussão no CNE e deverá estar fechado até o final do ano, para ser implementado em 98.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) propicia uma enorme elasticidade. Ela permite a existência de um sistema modular de aprendizado.
O aluno conclui módulos e depois se submete a provas. Se aprovado, poderia ser promovido a uma série além da que ele está cursando, o que aceleraria a conclusão do curso.
Segundo o MEC, a preocupação é não deixar que aconteça com o ensino médio o que ocorreu com o 1º grau na década de 80: uma expansão do atendimento (aumento do número de matrículas) com deterioração da qualidade.
Em relação a 97, a estimativa é que 54,5% do total de matrículas está no curso noturno. E 70% dos alunos que entram no 2º grau têm mais de 18 anos.
"Observamos que a quantidade de conhecimentos que o aluno consegue absorver no 2º grau em todo o país é muita baixa e querem9os oferecer flexibilidade às escolas", disse o ministro.
Um dos problemas mais graves do ensino médio no país são as altas taxas de repetência: 35% na 1ª série. Ao lado disso, apenas 15% dos estudantes frequentam a escola com regularidade.
O Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) de 95 mostrou, por exemplo, que apenas 3,7% dos alunos de 2º grau conseguiram alcançar o nível máximo de proficiência (habilidade) em matemática e só 1% atingiu a pontuação máxima em português.
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) faz parte das estratégias do ministério para as mudanças no 2º grau. É uma prova opcional a ser aplicada pelo MEC no aluno que estiver terminando o 2º grau, a partir do ano que vem. O resultado dessa prova poderá ser usado no acesso à universidade, se essa for a vontade das instituições.
Uma das distorções detectadas pelo MEC no 2º grau é a desigualdade regional da oferta do ensino médio. O Sudeste concentra 49% da oferta. Estão no Nordeste 21% dos alunos, 16,3% no Sul, 7,2% no Centro-Oeste e 6,5% no Norte.

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