São Paulo, sexta-feira, 4 de julho de 1997
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Filme tem inteligência maior que seu orçamento

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um dos problemas (ou soluções) de se viver na Meca do capitalismo é que tudo é previsível: de quem vai ganhar a eleição presidencial (seis meses antes) a quando vai nevar ou chover (três dias antes).
Nos últimos três anos, ficou possível se saber com quatro meses de antecedência qual vai ser o filme com maior bilheteria no verão, graças a um sofisticado sistema de aferição de opiniões.
Assim, sabe-se desde março que "Men in Black", do quase desconhecido cineasta Barry Sonnenfled, que estreou no dia 2 em 5.000 salas de cinema dos EUA, será o grande vencedor da temporada.
Claro que a realidade pode modificar as previsões. Em eleições presidenciais, por exemplo, aconteceu há 50 anos, quando Harry Truman derrotou Thomas Dewey.
Mas ninguém no showbusiness acha que "Men in Black" vá decepcionar quem previu o seu êxito.
Por três razões. Primeiro, o filme tem os ingredientes para atrair audiência, inclusive a assinatura do deus Spielberg, que é seu produtor-executivo, uma grande estrela consagrada (Tommy Lee Jones) e outra em ascensão (Will Smith).
Segundo, tem os elementos do sucesso fácil para o público medíocre dos EUA: parece, a princípio, uma mistura de "Guerra nas Estrelas" com "Os Caça-Fantasmas". Terceiro, tem tiradas instigantes e sofisticadas.
O enredo é banal, quase sem importância. Cerca de 1.500 seres extra-terrestres recebem permissão secreta do governo dos EUA para viver em Nova York sob forma humana, mas sob o controle de uma equipe (também secreta) de investigadores, o principal deles, agente K, vivido por Tommy Lee Jones.
Claro que alguns desses ETs são pouco gratos à chance extraordinária de residir neste paraíso e colocam em ameaça a sobrevivência de todo o planeta. Jones e seu aprendiz de feiticeiro, o agente K (Smith), salvam a Terra.
O que confere a "Men in Black" um caráter especial é a direção de Sonnenfeld, que aprendeu o ofício com os excelentes irmãos Coen, de quem foi fotógrafo em "Blood Simple" e "Raising Arizona", e o texto de Ed Solomon.
Por incrível que pareça, o filme é inteligente. Ao contrário de seus concorrentes, tem imaginação superior ao orçamento.

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