São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Reabilitação é difícil para PM

ESPECIAL PARA A FOLHA

O policial militar que se acidenta ou leva um tiro enfrenta um sem-número de obstáculos até chegar à sua completa reabilitação, quando chega. Atendido no hospital próximo à ocorrência, o PM é transferido para o Hospital Militar, na Água Fria (zona norte). Com sorte, alguns conseguem transferência para uma clínica de reabilitação, como a AACD.
"Sempre tem algum aqui na AACD. A maioria vem com complicações sérias ou deformados por falta de terapia. Nenhum PM se reabilitou bem. Eles vêm em condições dantescas", diz Casalis.
É o caso do cabo Luiz Paulo de Oliveira, 42, tetraplégico, ex-bombeiro: "Meu caso foi um capotamento. Meus braços estão atrofiados por falta de fisioterapia. Fico na rua, no portão de casa, vendo as pessoas passarem."
Em alguns casos, a lesão, especialmente a neurológica, só aparece depois do acidente. O policial terá dificuldades em provar que o trauma foi obtido em horário de serviço.
"Eu estava trabalhando com um guincho do DSV. Senti a pontada nas costas. Mas só depois descobri. Recomendo fazer um atestado de origem, com testemunha e laudo médico, a qualquer um que tiver uma dorzinha", diz o primeiro-sargento Romildo Pytel, 51, paraplégico.
O calvário de um PM portador de deficiência não tem fim. Não é o Estado que fornece medicamento e equipamento (cadeira de rodas), mas o FAM (Fundo de Auxílio Mútuo), fundo criado pelos soldados e oficiais.
Cada soldado ou oficial colabora mensalmente com o FAM; R$ 8,70 para o soldado e R$ 26,10 o oficial. Aproximadamente 70% do efetivo colabora com o fundo.
"O número de inválidos tem aumentado muito. Quem não paga o fundo não sei como consegue uma cadeira de rodas. O pessoal é pobre, mas não podemos fazer muito. Somos uma associação, uma caixinha que foi regulamentada", diz o major Luiz Roberto da Silva, subchefe do FAM.
"Aqui, tudo é deficiente, mas o Comando está sensibilizado. O Hospital Militar encontra dificuldades, como toda a administração pública. Temos questões básicas de atendimento aos PMs. Mas, como os deficientes requerem exames mais especializados, poderemos não estar nos parâmetros ideais", justifica o tenente-coronel Paulo Regis Salgado, chefe da seção de assuntos civis da PM.

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