São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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CDB pré volta a crescer e recebe R$ 5,9 bi

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As aplicações em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) estão aprendendo a conviver com a cobrança do "imposto do cheque". Pelo menos é isso o que indica a captação líquida dos CDBs prefixados em junho.
Com a entrada de nada menos do que R$ 5,9 bilhões no mês, conforme dados do Banco Central, o estoque desses certificados fechou junho em R$ 85,4 bilhões, quase o mesmo patamar de novembro do ano passado, quando ainda não eram sentidos os efeitos da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira).
Esse tributo inibiu a compra de CDBs porque a cada renovação mensal o dinheiro precisa transitar pela conta corrente do investidor, pagando 0,20% sobre todo o valor. Com isso, o juro efetivo cai drasticamente. Além da CPMF há o Imposto de Renda de 15% sobre o rendimento bruto.
Um juro bruto de 1,6%, para grande investidor, acaba minguando para 1,16% se houver renovação depois de 30 dias.
Queda lenta
O estoque de Certificados de Depósito Bancário prefixados saiu de R$ 87,33 bilhões no final de novembro para R$ 83,25 bilhões em dezembro (quando os vencimentos já coincidiriam com a CPMF), R$ 75,78 bilhões em janeiro e R$ 74,42 bilhões em fevereiro.
Ficou estacionado nesse nível e passou a crescer lentamente, até R$ 76,51 bilhões em abril e R$ 79,53 bilhões em maio. No mês passado, saltou para os R$ 85,4 bilhões.
Motivos
Há várias interpretações no mercado para esse avanço dos CDBs prefixados. Por serem papéis prefixados, refletem uma tendência de alongamento de prazos, tendo como expectativa a queda do CDI (juro interbancário do dia-a-dia).
Os fundos de renda fixa são grandes compradores de CDBs, mas em suas contas correntes a alíquota da CPMF é zero.
A reação coincide com o fim do compulsório de 3% que não tinha qualquer remuneração, explica o executivo de um banco.
Mas há quem entenda que o alongamento, feito por empresas, é em CDBs "swapados", que prevêem a troca por outro indicador. São certificados que garantem certa proporção com o CDI.
Ninguém pode assegurar com 100% de certeza que o CDI manterá a trajetória de queda gradual -embora com alguns repiques. Daí a necessidade de alongar com apoio em "hedge" (proteção).
Os CDBs pós-fixados chegam a ser inexpressivos quando comparados com os prefixados. O estoque dos pós-fixados em TR ainda chega a R$ 2,76 bilhões, mas o dos atrelados à TBF (média de CDBs e a base de cálculo da TR) não passa de R$ 78 milhões.

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