São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Lévy estréia na seção 'Autores'

GISELLE BEIGUELMAN
DO UNIVERSO ONLINE

Pierre Lévy, 40, é um dos mais interessantes teóricos do ciberespaço. Ele faz parte de uma nova geração de intelectuais que funde a prática humanista com a produção de tecnologia de ponta. Professor do Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris 8, é formado em história da ciência, sociologia e filosofia e é membro do grupo francês "Trivia", que cria programas de informática voltados para o desenvolvimento cognitivo.
A partir de hoje, Lévy passa a escrever mensalmente na seção "Autores", da Folha, que publica no Mais! textos de importantes intelectuais contemporâneos. Ele tem três livros traduzidos no Brasil: "A Árvore do Conhecimento" (1992), "As Tecnologias da Inteligência" (1993) e "O Que É o Virtual?" (1995, Ed. 34).
Lévy procura desfazer a oposição entre real e virtual e reflete sobre as possibilidades que as novas mídias e o ciberespaço oferecem para fazer da sociedade um organismo multifacetado de coletividades inteligentes. Sem recair no deslumbre com a velocidade de transmissão e recepção das informações que a Internet favorece, destaca que a revolução cultural que ela desencadeia reside no fato de ser um ambiente de memórias compartilhadas, onde os objetos rolam entre grupos, formando uma rede de hipertextos comunitários.
É essa esfera de compartilhamento e circulação de dados que faz do ciberespaço um ambiente propício para o desenvolvimento de uma inteligência coletiva. A socialização das mensagens é inerente a sua própria constituição, e isso faz com que ela seja o embrião de uma tecnodemocracia.
O ciberespaço jamais será o criador de uma sociedade inteligente, mas certamente é o ambiente mais propício possível para o seu desenvolvimento. Ele condensa toda a ambivalência das tecnologias de comunicação contemporâneas. Pode se transformar em uma ferramenta de dominação, por meio do controle da circulação de informação, mas também pode constituir um espaço de navegação infinita. Isso, diz o autor, nos transformaria em "nômades de um novo estilo, percorrendo espaços que se metamorfoseiam e se bifurcam a nosso pés, forçando-nos à heterogênese".

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