São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997
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Mulher é mais excluída em países pobres

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em nenhum lugar do mundo as mulheres têm condições de vida iguais às dos homens. Porém, quanto mais pobre o país, maior o grau de exclusão feminina. Some-se à pobreza a cultura muçulmana e a exclusão da mulher será quase total.
É o caso das sociedades africanas dominadas pelo Islã: sobrepõem péssimos indicadores de saúde e educação ao quase banimento feminino de qualquer forma de participação nas decisões políticas e empresariais.
Entre 94 países (de todas as regiões) classificados pela ONU, a Mauritânia é aquele onde as mulheres têm menos poder: apenas 0,7% das vagas no Parlamento e 7,7% dos cargos executivos.
Além disso, é o 127º colocado num ranking que classifica 146 países de acordo com o desenvolvimento humano por gênero. Das mulheres da Mauritânia, só uma em cada quatro sabe ler -contra um em cada dois homens.
Como ocorre no mundo todo, também lá a esperança de vida feminina supera a masculina. Mas isso não é muita vantagem: ao nascer, uma típica mauritana tem a perspectiva de viver 53,7 anos.
O caso da Mauritânia sintetiza os principais aspectos do drama feminino no mundo, mas não é isolado. Ao contrário.
"Nenhuma sociedade trata suas mulheres tão bem quanto seus homens", sustenta o Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997, editado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Desenvolvimento e poder
O Pnud criou dois índices para medir as diferenças de gênero. O IDG (Índice de Desenvolvimento por Gênero) leva em conta as diferenças de esperança de vida, alfabetização, matrícula na escola e renda entre homens e mulheres.
Já o IPG (Índice de Poder por Gênero, numa tradução livre) mede o grau de participação das mulheres na força de trabalho, nos cargos de chefia, na política e em profissões técnicas (que exigem estudo).
No ranking do IDG, em geral os países com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) reproduzem bons indicadores também para as mulheres -embora haja exceções: a Irlanda, por exemplo, cai 12 posições do ranking do IDH para o do IDG.
Assim, o Canadá acumula os títulos de campeão de desenvolvimento humano e por gênero. Uma canadense tem expectativa de viver 81,7 anos. E, como os homens, 99% são alfabetizadas.
Se do lado positivo essa associação é verdadeira, do negativo também. Último classificado no ranking do IDH, Serra Leoa tem também o pior IDG do planeta. Lá, as mulheres vivem, em média, 35,2 anos, e só 16,7% sabem ler.

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