São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Caso agrava divergências de FHC e PSDB

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O superintendente da Suframa, Mauro Costa, só comunicou na segunda à noite, oficialmente, que aceitava ficar no cargo. Mas apresentou uma condição: manter a autonomia em relação ao governo do Amazonas.
A conversa de Costa foi com o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Martus Tavares. Foi Tavares quem transmitiu a disposição do governo federal de aceitar a autonomia da Suframa. O episódio pode estar temporariamente superado, mas deixou sequelas e não é a única dificuldade no relacionamento do presidente Fernando Henrique Cardoso com o seu partido, o PSDB.
Há pelo menos três outros focos de insatisfação na bancada tucana na Câmara, que se reuniu ontem. O mais recente é a mágoa dos paulistas, que organizaram uma megareunião, domingo último, a título de pré-lançamento da reeleição do governador Mário Covas.
Eles reclamam que o ministro Sérgio Motta (Comunicações) "roubou a cena" de Covas, ao anunciar a idéia de um plebiscito para a reforma política.
Conforme a Folha apurou, o próprio governador ficou irritado com o ministro e se queixou com deputados do partido. Alegou, inclusive, que a tese do plebiscito nem sequer fora discutida durante o encontro tucano.
Outros focos de problemas entre o governo federal e o PSDB estão em Minas e Maranhão.
Em Minas, os tucanos receberam a informação de que o diretor local do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem), ligado a eles, estaria sendo substituído por um apadrinhado do prefeito de Contagem, Newton Cardoso (PMDB).
O governador Eduardo Azeredo (PSDB) mandou avisar que, se a troca for confirmada, ele vai ser o primeiro a reagir publicamente. Depois, os parlamentares tucanos também irão dar entrevistas criticando a atitude do governo federal. Poderá ser uma espécie de reprise do episódio Suframa, com o governo de um lado e os tucanos de outro.
A bancada do PSDB no Maranhão já está em clima de guerra. Seus quatro deputados, liderados por Jayme Santana, estão se recusando a votar com o governo em plenário.
Alegam que representam 25% da bancada maranhense, mas não têm o correspondente em cargos federais no Estado.
O secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio, incentivou o técnico Mauro Costa a ficar na Suframa, mas mantém a convicção de que o presidente e o ministro Antonio Kandir (Planejamento) estavam atendendo a uma pressão do governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL). Amazonino é adversário de Virgílio e está envolvido nas denúncias de compras de votos para a reeleição.
FHC havia decidido afastar Mauro Costa, e Kandir convidou para o cargo outro técnico, Renato Palomba. Houve, entretanto, a contrapressão dos tucanos, especialmente de Virgílio e do senador e ex-ministro José Serra (SP), que nomeou Costa.
Nota
Na semana passada, Kandir divulgou nota dizendo que havia determinado "menos conversa e mais trabalho" para Costa. Houve dois tipos de reação entre os defensores de Costa.
Um a favor de Costa abandonar o cargo, deixando para o governo o ônus de uma demissão a serviço de Amazonino. O outro defendendo que ele ficasse, para continuar o trabalho de "limpeza" da Suframa. Prevaleceu a tese do "fico".

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