São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Costa diz que sai ao concluir trabalho

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

O superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Mauro Ricardo Machado Costa, disse ontem que só pretende ficar no cargo "até acabar seu trabalho" -o que pode levar entre três e cinco meses.
A afirmação foi feita durante entrevista exclusiva à Folha, a primeira que concedeu após a crise que sua anunciada substituição por um nome indicado pelo governador Amazonino Mendes (PFL-AM) provocou no PSDB, partido do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"O que tenho a dizer é que continuamos um processo. Após concluído o trabalho, irei reavaliar minha posição", afirmou Costa, 35.
Costa, cauteloso, não quis comentar a crise porque se considera um técnico. Também não quis falar sobre a nota que anunciou sua manutenção no cargo na quinta-feira passada.
O texto, ditado pelo ministro Antonio Kandir (Planejamento), mas não assinado, falava que a Suframa deveria ter "mais trabalho e menos conversa".
A Folha apurou junto a amigos do superintendente que o teor levou Costa a pedir para ser demitido na própria quinta-feira. Ele desconversa: "Não vou falar sobre eventos passados".
A irritação do superintendente o levou a falar, durante duas horas, com o secretário-executivo do Planejamento, Martus Tavares, em Brasília, na manhã de anteontem.
Segundo a Folha apurou, Costa saiu da conversa disposto a ficar mais alguns meses em Manaus.
O lado pessoal também pesa. Desde maio do ano passado na cidade, ele deixou mulher e dois filhos pequenos em Brasília. Há dois meses, vem recebendo cartas anônimas na Suframa o acusando de corrupção e, em casa, o acusando de ter amantes em Manaus.
A única acusação formal contra ele, feita pelo PFL-AM, era de que viveria com "mordomias". Na resposta que deu à Procuradoria da República, relatou como vive com outros três superintendentes-adjuntos numa casa funcional da Suframa em Manaus.
Sobre Amazonino, Costa reafirmou os termos da nota oficial que divulgou nos jornais de Manaus na quinta. "Nunca tive atrito pessoal com o governador. Acho que houve algumas falhas minhas, como o fato de eu ter demorado para ir conversar com ele quando cheguei aqui. Também quero mais diálogo." Mas ele ainda não sabe ao certo sobre como será esse diálogo.
Desde que retirou o poder estadual de dentro da Suframa, por meio de corte no uso de verbas por políticos e demissões de funcionários fantasmas (inclusive parentes de Amazonino), o governador sempre atacou sua posição.
Só mudou na última sexta-feira, quando Costa estava confirmado no cargo. Então, conversou com o superintendente e disse que ligou para Kandir para pedir sua permanência. O Ministério do Planejamento diz que a atribuição de manter ou não Costa é de Kandir, sob aprovação de FHC.

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