São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Pancadaria

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

As simples imagens, na Globo, SBT, Band, patentearam que as oposições estão dispostas à violência. Na expressão dos telejornais, ao tumulto, à pancadaria.
Foram dois episódios, que alimentaram fartamente os agora esvaziados telejornais das redes.
No mais flagrante deles, de maior cobertura na televisão, uma centena de servidores públicos federais "invadiu", na expressão geral, os corredores do Congresso.
Diante de uma porta de vidro trancada, forçaram, empurraram até arrebentar, com o vidro cortando os próprios manifestantes. Enfrentaram a segurança, tentaram chegar de qualquer maneira ao plenário da Câmara.
"Só não atingiram o coração do Congresso graças a um acordo dos parlamentares de oposição com os sindicalistas", disse o SBT.
O argumento que os parlamentares usaram foi que a tomada do plenário prejudicaria a própria luta contra as reformas. É certo que as simples imagens já garantiram prejuízo à "luta".
O segundo episódio violento aconteceu no Recife. Um carro de passeio teria procurado atravessar uma nova passeata dos sem-terra.
Foi cercado e os manifestantes passaram a agredir as três pessoas que estavam no carro, entre elas duas mulheres. Destruíram vidros, para desespero das mulheres.
"Acuado", o carro arrancou atropelando, atirando corpos, pernas para o ar.
Tanto no Recife quanto no Congresso, os cortes, os ferimentos dos manifestantes eram mostrados na televisão -no mais, favorável, em especial no Jornal Nacional- como algum sinal de heroísmo em batalha.
*
Paulo Maluf, registrou a Globo, voltou à Europa. Vai a Mônaco, passear.
No mesmo registro, Celso Pitta não consegue sequer desbloquear os bens, em nova decisão da Justiça.

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