São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Governo recebe verbas e começa o Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Aeronáutica e a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) vão derrubar nos próximos dias o último obstáculo ao Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), iniciando a implantação do projeto com mais de dois anos de atraso.
A previsão da área militar é que as primeiras cartas de crédito referentes ao financiamento do projeto serão liberadas até sexta-feira.
Com isso, o governo federal começará a receber parcelas do empréstimo externo de US$ 1,4 bilhão que vai custear a implantação do Sivam. O projeto deverá consumir, ainda neste ano, cerca de US$ 130 milhões.
Radares
O Sivam irá monitorar os espaços aéreo e terrestre da Amazônia por meio de radares e satélites.
Os equipamentos do sistema também irão colher dados sobre biodiversidade, recursos minerais e reservas indígenas. Em sete anos, a implantação estará concluída.
Os US$ 130 milhões previstos para este ano serão usados para pagar as primeiras parcelas referentes ao desenvolvimento do software (programa de computador) e equipamentos do projeto, que serão fornecidos pela empresa norte-americana Raytheon.
O gasto previsto para este ano representa somente 12,7% dos recursos que o projeto deveria receber até dezembro, de acordo com o cronograma original.
Pela proposta inicial, o Sivam deveria ter recebido US$ 174 milhões em 1994, US$ 160 milhões em 1995, US$ 251 milhões em 1996 e US$ 432 milhões neste ano. No entanto, a liberação de recursos só deverá começar agora devido às crises enfrentadas pelo projeto.
Tropeços
O primeiro tropeço aconteceu em fevereiro de 1995, quando o jornal norte-americano "The New York Times" noticiou que a CIA (agência de inteligência dos EUA) havia descoberto que a empresa francesa Thomson tentou subornar autoridades do governo brasileiro para ganhar a concorrência do Sivam.
Três meses depois, a empresa brasileira Esca -escolhida sem licitação para gerenciar o projeto- foi afastada sob acusação de fraudar guias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Mas o pior momento do Sivam ocorreu em novembro de 95, quando a revista "IstoÉ" divulgou gravações telefônicas que colocaram o projeto sob suspeita.
Nas conversas, o então chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto, Júlio César Gomes dos Santos, sugeria ao representante da Raytheon no Brasil, José Affonso Assumpção, que pagasse propina ao senador Gilberto Miranda (PFL-AM) para agilizar o andamento do projeto no Senado.
O então ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, acabou demitido, fazendo com que a área militar passasse o ano de 1996 dando explicações sobre as denúncias no Senado, no TCU (Tribunal de Contas da União) e na Justiça.

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