São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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PM ameaça grevistas no Piauí com punição

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O comando da Polícia Militar do Piauí resolveu ontem considerar como "abandono de posto" a greve dos cerca de 5.000 cabos e soldados da PM do Estado que ontem entrou no quarto dia.
O comandante da PM do Piuaí, coronel Vaudílio Falcão, disse que a medida visa preservar a "hierarquia e a ordem" dentro da corporação. Segundo ele, o regulamento da Polícia Militar prevê a pena de expulsão para os casos de abandono de posto.
O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM piauiense, Antônio Santiago, disse que as ameaças de punição não vão intimidar a paralisação que, segundo ele, está tendo a adesão de 90% da categoria.
Falcão disse que cerca de 30% do efetivo policial faltou ao trabalho ontem. Os grevistas afirmam que 12 cidades já mandaram delegações para acompanhar as negociações na capital, Teresina.
Os grevistas reivindicam que o piso salarial dos cabos e soldados aumente de R$ 215 para R$ 638. O governo do Piauí propôs uma gratificação especial de R$ 120 e a construção de 2.000 casas populares com financiamento subsidiado para os grevistas.
A proposta do governo foi rejeitada numa assembléia que reuniu -segundo os organizadores- cerca de 2.500 policiais na praça da Bandeira, no centro de Teresina.
Após a assembléia, os grevistas fizeram uma passeata pelas principais ruas do centro da cidade. Fardados, mas desarmados, os grevistas gritavam palavras de ordem como: "Policial unido jamais será vencido" e "Polícia na rua, governo a culpa é tua".
Exibindo seus contracheques, os grevistas transformaram a música "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho, no hit da passeata. Quando chegaram em frente ao Palácio Karnak, sede do governo estadual, cantaram o Hino Nacional.
O presidente do Sindicato da Polícia Civil do Piauí, Jacinto Teles, participou da manifestação e propôs a realização de uma passeata conjunta das duas polícias, na próxima semana.
O governador do Piauí, Francisco Morais (PMDB), conhecido por Mão Santa, está desde domingo passado em Floriano (230 km ao sul de Teresina), participando de uma reunião itinerante com todo o seu secretariado.
Morais deve retornar hoje a Teresina e marcou uma reunião com o comando dos grevistas para as 10h. Falcão disse que tropas do Exército estão de prontidão para o caso de necessidade.
O comando da PM e o dos grevistas afirmaram que não houve registro de incidentes em consequência da greve. O policiamento da ruas da cidade está sendo feito por homens da Polícia Civil.

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