São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Mais 3 presos morrem em prisões do Rio

MÁRIO MOREIRA
SERGIO TORRES

MÁRIO MOREIRA; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Revólver entra em Bangu 1, considerada cadeia de segurança máxima pelo governo estadual do Rio

Um tiroteio dentro da penitenciária Bangu 1 -considerada de segurança máxima pelo governo estadual- causou, ontem à tarde, a morte de um presidiário e ferimentos graves em outro.
No vizinho presídio Bangu 2, dois presos morreram enforcados.
Desde anteontem, seis presos foram assassinados no complexo de penitenciárias de segurança máxima do Rio. A Polícia Civil diz que as mortes são consequência de uma "guerra" entre facções criminosas.
Na galeria, encontraram um revólver calibre 22 e o corpo de Ozéas Gonzaga de Souza, o Mau Mau, 22, condenado por tráfico de drogas. Ao lado do cadáver, estava caído Altair Domingos Ramos, o Nai, apontado pela polícia como um dos líderes do tráfico nos morros de São Carlos e Mineira.
Nai, que teria recebido 13 tiros, foi internado no hospital Carlos Chagas em estado grave. O número de tiros não foi confirmado.
No hospital, Nai acusou os condenados José Carlos dos Reis Encina (Escadinha), Ernaldo Medeiros (Uê), Celso Luís Rodrigues (Celsinho da Vila Vintém) e Sérgio Mendonça (Serginho Ratazana).
Os quatro acusados por Nai são as principais lideranças da facção criminosa CV (Comando Vermelho) dentro dos presídios, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado do Rio.
Nai e Mau Mau seriam chefes de uma facção rival, o TC (Terceiro Comando), que estaria aliado ao CVJ (Comando Vermelho Jovem), dissidência do CV.
O diretor do Desipe, José Afonso Barreto de Macedo, foi a Bangu 1 após saber do tiroteio.
A assessoria de imprensa do Desipe informou que Macedo tem duas hipóteses para a entrada de uma arma no presídio. A primeira seria a conivência de um agente penitenciário. A segunda, a participação de algum advogado no esquema. Segundo o Desipe, há uma lei que proíbe a revista de advogados por guardas penitenciários.
O presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria da Justiça do Rio, Francisco Rodrigues, acusou o diretor-geral do Desipe, José Afonso Barreto de Macedo, de não dar atenção a um alerta encaminhado pelo sindicato em março sobre a tensão nos presídios.
Rodrigues admitiu a existência de falhas por parte dos agentes. O diretor do Desipe estava em Bangu 1 e não pôde ser ouvido pela Folha.

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