São Paulo, quarta-feira, 9 de julho de 1997
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Laboratórios são acusados de abuso

Denise Chrispim e Isabel Versiani

DENISE CHRISPIN; ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relatório do Conselho Regional de Farmácia engloba 60 remédios em 124 versões
Os laboratórios farmacêuticos aumentaram abusivamente os preços de 60 medicamentos entre janeiro e junho, conforme pesquisa do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal.
A lista preparada pelo CRF-DF compreende 124 versões desses 60 medicamentos.
O maior aumento verificado pelo CRF-DF foi o do Furosemida, fabricado pelo laboratório Cibran, de 108,99%. O preço saltou de R$ 9,57, em janeiro, para R$ 20, no mês passado.
A menor variação apontada foi a do medicamento Isothane, do laboratório Zeneca, de 2,78%.
Segundo Antonio Barbosa da Silva, presidente do CRF-DF, o conselho tomou como base as edições da Revista da ABCfarma (Associação Brasileira de Comércio Farmacêutico) para a elaboração da lista.
Essa publicação, direcionada aos comerciantes do setor, apresenta os preços praticados pelo fabricante e o preço máximo ao consumidor -com acréscimo de até 42% em relação ao preço de fábrica.
A Folha apurou junto à Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda, que a prática abusiva de preços pela indústria e também comércio farmacêutico está sob investigação.
Suspensão
A SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, suspendeu o processo contra o laboratório Hoechst Marion Rousell, acusado de praticar aumentos abusivos nos preços de alguns de seus medicamentos.
A partir de agosto, esses mesmos medicamentos poderão sofrer um reajuste de até 7,5%. São duas alterações de preços em menos de um mês.
A Hoechst também se comprometeu a não conceder aumentos injustificados de preços para qualquer de seus produtos até o final deste ano.
Libbos ressalta que os atuais preços ao consumidor serão mantidos até 31 de julho. A redução, diz, varia entre 0% e 25%.
Ele afirma ainda que o laboratório continuará discutindo com a SDE o aumento nos preços dos medicamentos para que alcancem patamares "justos e necessários", mesmo que em ritmo mais lento que o desejado pela empresa.
Segundo Libbos, o acordo não julga o mérito, ou seja, não reconhece abuso no aumento dos preços dos medicamentos.
Ele diz que a redução de preços terá "impacto econômico importante" sobre a HMR. De acordo com ele, os concorrentes têm preços superiores.
Libbos diz ainda que a Revista da ABCfarma deixou em branco os valores dos remédios da HMR, embora ele tenha enviado correspondência à empresa explicando o processo sofrido pelo laboratório.
O secretário de Direito Econômico, Ruy Coutinho, afirmou que caberá ao laboratório negociar com as farmácias -que podem ter em estoque medicamentos comprados pelo preço mais alto- eventuais descontos nas suas vendas.

Colaborou a Reportagem Local

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