São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Câmara mantém acúmulo de salário e aposentadoria

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de três meses, a Câmara dos Deputados concluiu ontem o primeiro turno de votação da reforma administrativa.
A aprovação definitiva da reforma não vai acabar imediatamente com os supersalários no serviço público e vai permitir o acúmulo de vencimentos e aposentadorias.
O teto salarial do serviço público, equivalente ao maior vencimento de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) -hoje R$ 12,720 mil-, ainda terá que ser definido em lei de iniciativa conjunta do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Enquanto essa lei não for aprovada, o servidor que ganha mais que um ministro do STF manterá esse salário. Os parlamentares poderão continuar acumulando salários e aposentadorias.
O líder do PSDB, Aécio Neves (MG), tentou acertar um texto transitório para evitar essa situação, mas líderes de outros partidos resistiram. O texto impedia o acúmulo dos salários dos parlamentares com o auxílio-moradia.
Os deputados votaram ontem cinco emendas à reforma administrativa, sendo três relativas ao dispositivo que prevê a demissão de servidores públicos por mau desempenho.
Na votação do ponto mais polêmico -a quebra da estabilidade do servidor público por mau desempenho-, o PMDB foi o partido da base governista com maior dissidência: 30 deputados votaram contra, 2 se abstiveram e 8 não compareceram à sessão.
Os deputados aprovaram o dispositivo que preserva a estabilidade das carreiras típicas de Estado -fiscalização e arrecadação tributária, previdenciária e do trabalho, controle interno, segurança pública, diplomacia, advocacia e defensoria pública.
Protesto
Antes da última votação do dia, os deputados protestaram contra veículos de comunicação. O motivo foi a divulgação nos noticiários de TV de que eles tinham aprovado o próprio aumento salarial.
"Esta Casa tem que ter a coragem de votar a Lei de Imprensa. A imprensa às vezes não é séria e não sabe usar da liberdade com responsabilidade", afirmou o líder do PTB, Paulo Heslander (MG).
O líder do PT, José Machado (SP), sugeriu que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), faça um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para rebater as críticas.
Após a polêmica, o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), pediu a palavra para fazer um comunicado "grave".
O deputado despertou risos no plenário quando disse ter sido informado pela segurança da Câmara de que dois pistoleiros do Rio de Janeiro estavam chegando a Brasília para matar Temer e ele próprio. A denúncia foi feita num telefonema anônimo.
Na última votação de ontem, foi rejeitada a equiparação dos salários de delegados de polícia e procuradores autárquicos aos dos procuradores e defensores públicos.

Texto Anterior: COMO VOTARAM OS DEPUTADOS
Próximo Texto: Presidente faz 'corpo-a-corpo' por reforma
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.