São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Ministros negociam votos com Universal

LUCIO VAZ
FERNANDO RODRIGUES

LUCIO VAZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Bancada aposta na possibilidade de revisão de autuação da Receita; governo nega acordo

A bancada da Igreja Universal na Câmara negociou com o governo e deu cinco votos que garantiram ontem a quebra da estabilidade do servidor. Os deputados foram informados de que a Universal tem chances de se livrar da autuação de R$ 98,360 milhões imposta pela Receita Federal por sonegação de impostos.
A negociação foi feita com os ministros Sérgio Motta (Comunicações) e Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e com o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Santos disse aos deputados que a igreja deve recorrer da decisão da Receita. Os parlamentares ouviram que têm boas chances de obter vitória na instância administrativa. Além disso, a decisão pode demorar anos. Também foi prometido que Universal será mantida como sociedade sem fins lucrativos -isenta do Imposto de Renda.
A assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações disse ontem que "não é verdade" que o ministro Sérgio Motta tenha negociado o apoio da bancada da Universal. Segundo a assessoria do Ministério das Comunicações, esse tipo de rumor já existiu no ano passado, quando o candidato do PSDB a prefeito de São Paulo era o senador José Serra.
Naquela época, a Igreja Universal apoiou Serra. E havia boatos de que Motta teria negociado o relaxamento da investigação que o fisco fazia na instituição.
O deputado De Velasco (Prona-SP) confirmou à Folha que a bancada negociou com o governo. À pergunta sobre por que os cinco deputados mudaram de voto de um dia para o outro, respondeu: "Sentimos alguma coisa no ar. Decidimos dois minutos antes de começar a votação".
Dois deputados do PTB, Duílio Pisaneschi (SP) e Philemon Rodrigues (MG), negociaram com o governo até os últimos minutos. Votaram a favor da quebra da estabilidade. Pisaneschi foi o antepenúltimo e Rodrigues foi o último a votar. Pisaneschi estava descontente porque o governo demitiu há dois meses o então presidente da CBTC (Companhia Telefônica Borda do Campo), Ademir Spadafora, seu afilhado político.
Na hora de votar, avisou o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA): "Esse é o último voto a favor do governo. Quero ser tratado com dignidade. Sou governista".
Na bancada do Acre, seis deputados votaram contra o governo. Votaram a favor apenas os deputados Osmir Lima (PFL) e Zila Bezerra (PFL), acusados pelo ex-deputado Ronivon Santiago de terem vendido o voto ao governo para aprovar a reeleição.

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