São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997 |
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Relatório geral da CPI responsabiliza Pitta
ELIANE CANTANHÊDE; ALEX RIBEIRO
O relatório geral da CPI dos Precatórios responsabiliza diretamente o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, pelas operações irregulares com títulos públicos que deram lucro de R$ 11,616 milhões a empresas financeiras. Segundo o documento, elaborado pelo relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), Pitta, "em diversas situações, provocou, de moto próprio, prejuízo ao erário municipal". Ao citar uma operação, envolvendo o Banco Vetor, Requião acusou: "Já aqui observa-se a atuação direta do então secretário das Finanças, sr. Celso Roberto Pitta do Nascimento". São quatro as principais acusações contra Pitta no caso do Vetor, que foi a principal ponte do esquema no mercado. Em resumo: 1) Houve 2.243 ligações telefônicas entre o grupo Vetor e a equipe da Secretaria das Finanças, no período de 95 a 96; 2) Pitta nomeou Pedro Neiva Filho para cargo de confiança na secretaria. Ele é ex-empregado do Vetor e sua filha trabalhava no mesmo banco entre 95 e 96; 3) Documento encontrado no Vetor mostra que o banco enviou US$ 460 mil para uma conta de Neiva no banco Republic International Bank of New York; 4) O Vetor pagou, em março de 96, o aluguel de um Tempra para a mulher de Pitta, Nicéa. A contratação foi feita pela Fórmula Viagens e Turismo Ltda. A empresa é de Ana Vilaça, mulher de um dos sócios do Vetor, Fábio Nahoum. No relatório, Requião refere-se à assessoria da Prefeitura de São Paulo como "equipe" (entre aspas) do sr. Wagner Ramos. Ele era coordenador da Dívida Pública do município e, de acordo com a CPI, "paralelamente à fabricação de precatórios", já atuava "em negociações fraudulentas com títulos". Requião também destaca uma operação da "cadeia da felicidade" (negociações fictícias com títulos) que começa e acaba na Prefeitura de São Paulo. "O título sai da prefeitura, 'passeia' na cadeia e é recomprado na ponta final pela própria prefeitura." Nessa operação, o total do lucro proporcionado às empresas foi de R$ 645 mil, correspondente ao prejuízo da prefeitura. "É necessário ressaltar que o sr. Celso Pitta tinha pleno conhecimento e controle das operações com títulos públicos realizadas no âmbito de sua secretaria", diz o texto. Conforme o relator, prova disso são os inúmeros ofícios de Pitta determinando as operações aos gestores da dívida municipal. O parecer de Requião tem duas partes. A primeira foi sobre o desvio dos títulos. Essa segunda, terminada ontem, detalha a participação do mercado no esquema. Texto Anterior: PDT decide não participar do governo estadual Próximo Texto: Documento cita três dirigentes de banco Índice |
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